FOLHA DE SÃO PAULO | O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de abertura de inquérito para investigar o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP).
O inquérito pretende apurar denúncia feita pelo analista de sistemas Roberto Leandro Grobman, 41, que trabalhou durante anos com o grupo educacional COC e diz ter sido indicado para se aproximar de Chalita para prospectar negócios para o grupo.
Como a Folha revelou no início do ano, Grobman disse ao Ministério Público que o COC pagou despesas com a locação de aviões e helicópteros, viagens, presentes e uma reforma feita num apartamento de Chalita em Higienópolis, na zona central de São Paulo.
O grupo também comprou milhares de livros escritos por Chalita e computadores para a emissora de televisão da Canção Nova, grupo católico ao qual o deputado é ligado.
O advogado de Chalita, Arnaldo Malheiros Filho, refutou todas as acusações e disse que enviou à Justiça documentos que afastam as suspeitas, entre eles toda a movimentação bancária do deputado, a declaração de imposto de renda e um laudo pericial contábil.
Devido à entrega destes documentos, o caso passou a tramitar no STF sob segredo de Justiça.

CASO
Durante as investigações preliminares do Ministério Público em São Paulo, as denúncias foram reforçadas pelo empresário Cesar Valverde, que equipou o apartamento de Chalita e disse que uma das responsáveis pelo pagamento da instalação de equipamentos eletrônicos no duplex foi a Interactive, ligada ao grupo COC.
Empresas do COC, incluindo a Interactive, receberam R$ 14 milhões da Secretaria de Estado da Educação durante a gestão de Chalita, por compras feitas sem licitação, de 2002 a 2006.
OUTRO LADO
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) na área criminal, diz que acha difícil a investigação pedida ao Supremo prosperar por causa da fragilidade das acusações.
“O denunciante não tem a menor credibilidade para fazer as acusações que fez. Nunca vi alguém depor com o marqueteiro”, afirma, referindo-se ao analista Roberto Grobman.
Segundo o advogado, o procurador-geral até ridiculariza Grobman quando ele diz que o Chalita pedia 25% de comissão sobre o valor dos contratos que fechava, por ser um percentual elevado demais.
Ele citou um segundo exemplo do que chama de “falta de credibilidade” do analista: o procurador-geral mandou arquivar as suspeitas de que o COC teria pago a hospedagem de Chalita no Copacabana Palace, também em 2004, por não ter encontrado provas que sustentassem a declaração.
Malheiros Filho afirma que as suspeitas de enriquecimento ilícito não têm o menor fundamento.
Um parecer encomendado ao advogado e perito Alfredo Torrecillas Ramos mostra que todos os bens de Chalita são compatíveis com os seus ganhos, de acordo com ele.
O deputado já disse anteriormente à Folha que a viagem que fez ao Rio em 2004 não foi paga pelo empresário Chaim Zaher.
Zaher também nega ter beneficiado Chalita para obter os contratos.
O advogado Alexandre de Moraes refutou com veemência que tenha viajado ao Rio de Janeiro num jatinho pago pelo empresário, acompanhando Chalita.
Ele disse que foi ao Rio com a mulher, em avião de carreira da TAM, e que tem os comprovantes de pagamento, feito com o seu cartão de crédito. Ele afirma ter também os comprovantes de que pagou a hospedagem.