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CNBB assina Carta das Religiões sobre cuidado da Terra

cupulaA Conferência Nacional dos Bispos do Brasil é signatária de uma Carta das Religiões sobre o cuidado da Terra. O documento  foi elaborado e aprovado por iniciativa da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso no espaço da Coalizão Ecumênica Inter-religiosa “Religiões por Direitos” durante a Cúpula dos Povos na Rio + 20.

Leia a Carta na íntegra:

CARTA DAS RELIGIÕES E O CUIDADO DA TERRA

No Espaço da Coalizão Ecumênica e Inter-religiosa “Religiões por Direitos”, no quadro da Cúpula dos Povos na Rio+20 para a Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, os líderes religiosos do Brasil signatários, por iniciativa da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Interreligioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de Religiões pela Pazreuniram-se para debater a relação entre as religiões e as questões ambientais.   Como resultado do diálogo, concordou-se que a agenda das religiões na atualidade não deve desconsiderar a agenda do cotidiano da vida das pessoas na sociedade e das exigências da justiça ambiental.

A agenda das religiões deve incluir os elementos que traçam os projetos do ser humano na busca de realização da sua existência e afirmar compromissos efetivos com a defesa da vida no planeta.  Religiões, sociedade e meio ambiente não são realidades distanciadas, mas estreitamente correlatas.  As tradições religiosas contribuem para a ampliação da consciência dos seus seguidores sobre os valores fundamentais da vida, pessoal, social e ambiental, orientando para a convivência pacífica e respeitosa entre os povos, culturas e credos, e destes com toda a criação.

Assim, é fundamental na agenda das tradições religiosas hoje:

a)      Apresentar ao mundo o sentido da existência humana.  A humanidade vive momentos de pessimismo, com sensação de fracasso e desânimo, sobretudo nas situações e ambientes de crises econômicas, de injustiças, de violência e de guerras.

Comprometemo-nos em fazer com que as nossas tradições religiosas afirmem de modo concreto o valor da vida de cada pessoa, independente da sua condição social, religiosa, cultural, étnica e de gênero, ajudando-as na superação dos problemas que lhes afligem no cotidiano, sejam eles de caráter sócio-econômico-cultural e político, sejam eles de caráter pisíquico-espiritual.

b)      Afirmar juntos o valor sagrado da vida, sobretudo do ser humano, considerando as diferenças nas formas de compreensão e de explicitação desse valor.

Comprometemo-nos em promover um efetivo respeito pela dignidade da pessoa e dos seus direitos acima de interesses econômicos, culturais, políticos e religiosos.  Afirmamos que crer em um Ser Criador implica em desenvolver uma espiritualidade que tenha compromisso com a promoção e defesa da vida human, pois o ser humano é a razão do serviço religioso que nossas tradições de fé oferecem ao mundo.

c)      Promover a educação e a prática do respeito mútuo, do diálogo, da convivência pacífica e da cooperação entre as diferenças, fundamental no mundo plural em que vivemos.

Assumimos o compromisso de trabalhar para a convergência dos diferentes paradigmas culturais e religiosos dos povos, como uma possibilidade para melhor entendermos o mundo dentro de suas inter-relações e a convivência entre todos os seres humanos.

d)      Explicitar mais e melhor o que já possuímos em comum.  Nossas tradições já condividem valores religiosos, como a fé em um Ser Criador, o cultivo da relação com Ele, a compreensão da origem e do fim de cada pessoa.

Comprometemo-nos a partilhar as riquezas que possuímos para fortalecer as relações inter-religiosas que possibilitam a cooperação entre os credos na solução dos problemas que afligem o nosso país e o mundo em que vivemos.

e)      Discernir juntos os valores que constroem a paz no mundo.  Sabemos que a paz não é simples ausência da guerra, mas é fruto da justiça e da prática da caridade.

Comprometemo-nos na promoção da convivência pacífica entre os povos e o desenvolvimento do sentido da fraternidade e da solidariedade universal, superando todo fundamentalismo e exclusivismo, bem como o consumismo irresponsável que causam conflitos entre as pessoas e os povos.

f)       Viver a compaixão para com os mais necessitados, empobrecidos e excluídos da sociedade.

Assumimos realizar juntos projetos sociais que fortalecem a solidariedade nas comunidades religiosas e na família humana.

g)      Promover o valor e o cuidado da criação. Tomamos conhecimento das ameaças à vida do planeta, conseqüências dos interesses econômicos que constroem uma cultura utilitarista e consumista na sociedade em que vivemos.

Comprometemo-nos com o desenvolvimento de uma nova ética na relação com o meio ambiente, capaz de orientar novas atitudes defensoras de todas as formas de vida, sustentadas em políticas públicas de justiça ambiental e numa mística/espiritualidade que explicite a gratuidade e o dom da vida na criação.

h)      Contribuir efetivamente para com as iniciativas ligadas à construção e promoção da cidadania.

Comprometemo-nos na qualificação de uma vivência religiosa dos membros de nossas tradições que favoreça o convívio social dos credos, a afirmação da tolerância e da liberdade religiosa.

i)        Solicitar à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 reconhecer que os imperativos morais de todas as religiões, convicções e crenças exigem o cuidado da Terra, e que a cooperação inter-religiosa é uma dimensão imprescindível para alcançarmos o desenvolvimento sustentável de toda a humanidade.

Enfim, propomos-nos a desenvolver novos comportamentos, com prevalência da ética da tolerância, da liberdade, do respeito, da dignidade, da convivência da diversidade cultural e religiosa, dos direitos humanos.  São elementos de uma ética mínima que  devemos afirmar tanto a partir de uma consciência ética secular, como da consciência das convicções religiosas que possuímos.

Rio de Janeiro, 19 de junho de 2012

Exmo. e Revmo. Dom Francisco Biasin

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso daConferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Rev. Pe. Peter Hughes

Secretário Executivo do Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM)

Revmo. Dom Francisco de Assis da Silva

Primeiro Vice-presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC)

Rev. Dr. Walter Altmann

Moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI)

Rev. Nilton Giese

Secretário Geral do Conselho Latino-americano de Igrejas ( CLAI)

Rabino Sergio Margulies

Representante da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ)

Sami Armed Isbelle

Diretor do Departamento Educacional e de Divulgação da Sociedade Beneficente Mulçumana do Riode Janeiro (SBMRJ)

Ialorixá Laura Teixeira

Coordenadora Estadual do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileiras – Rio de Janeiro (INTECAB)

Irmã Jayam Kirpalani

Direitora Européia da Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris

Elias Szczytnicki

Secretário Geral e Diretor Regional de Religiões pela Paz América Latina e o Caribe

Rio+20: Esperança ou decepção?

Dom Francisco Biasin
Bispo de Pesqueira (PE)

Apagados os holofotes sobre a Rio +20 é possível refletir sobre este evento e sobre a Cúpula dos Povos com maior objetividade e quem sabe, tirar algumas lições de vida, assim como lançar um olhar em perspectiva de futuro sobre a humanidade e a preservação do planeta terra através de uma economia sustentável.

É unanime a constatação que no Documento oficial da Conferência, assinado pelos representantes oficiais das Nações, não houve grandes avanços no compromisso de preservar o planeta terra da devastação e do aquecimento, aliás adiou-se para o próximo futuro e para outras Conferências a agenda sobre estes assuntos de primária importância.

Sintomática foi à presença dos Estados Unidos, país que mais polui no planeta, cujo representante oficial Hillary Clinton, ao chegar de última hora, fez um pronunciamento sem compromisso nenhum, a não ser uma insignificante ajuda aos países da África. Arrancou uma salve de palmas ao tornar-se defensora dos “direitos reprodutivos” da mulher, tema muito polêmico debatido na Cúpula dos Povos, desviando assim a atenção dos reais problemas da pobreza global, da falta de água potável para 600 milhões de seres humanos no planeta e da fome que assola a terra em várias regiões, sobretudo da África, da Ásia e da América Latina.

Participei da Cúpula dos Povos, no Fórum das “Religiões por direitos” que viu reunidos líderes de várias Religiões que se empenham na preservação do meio ambiente, colocando a pessoa humana no centro do ecossistema.

Com eles celebramos, a partir das escrituras e das tradições de cada credo! O refrão que ecoou na celebração de tradição judaica cristã foi o início do salmo 8: “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”

Houve também uma mesa redonda, promovida pela Comissão Episcopal Pastoral de Ecumenismo e Diálogo interreligioso, onde cada líder religioso apresentou o compromisso da sua Igreja ou religião na preservação da natureza para uma economia sustentável.

Com alegria coube-nos:

1. Anunciar a Boa nova do destino universal dos bens e da ecologia como oportunidade única diante da sensibilidade da humanidade e dos pobres de pleitar uma nova ordem econômica, frisando a estreita interdependência entre os seres humanos  e todos os outros seres vivos  no planeta terra.

2. Reconhecer que a criação é o primeiro sacramento da bondade e da beleza do Criador, sinal do seu amor providente pelas criaturas. É vista como “casa comum” onde acontece a aliança de Deus com a humanidade e com todos os seres criados.

3. Reconhecer também que sensibilidade ecológica abre os nossos olhos de crentes para que possamos enxergar a presença de Deus Criador e Pai que sustenta cada criatura e todo a criação, proporcionando-nos assim uma nova compreensão do universo. Deus continua criando e acompanha a sua criação e, a partir dela, faz ouvir a sua voz. (Salmo 19, 1-5)

4. Valorizar a ecologia como base comum que facilita o diálogo universal. Homens e mulheres de diferentes ideologias, de diferentes credos religiosos e de diversas culturas, diante da responsabilidade que tem para garantir o futuro da humanidade e dos perigos que ameaçam o planeta terra, constroem uma plataforma comum para dialogar e poder olhar na mesma direção para defender a casa comum.

5. Apresentar, enfim o grito dos pobres que mais sofrem com as mudanças climáticas provocadas pelo uso mercantilizado da terra, das florestas, das águas dos rios e das riquezas do subsolo. Defender a biodiversidade e os biomas para garantir o equilíbrio ecológico contra o uso predatório provocado por interesses econômicos. Favorecer estilos de vida sóbrios e saudáveis baseados em relações de fraternidade e respeito não apenas entre os seres humanos, mas também com a criação, inspirando-nos no testemunho de São Francisco.

Olhando para o evento da Rio+20, para os resultados alcançados ou as reações que ele provocou, ficam algumas interrogações: avançamos ou recuamos? Temos razões para esperar ou motivos mais graves para nos preocupar? O grito dos povos chega às instâncias das decisões dos que detém o poder econômico e político?

Trata-se de interrogações que exigem um posicionamento que para nós discípulos do Senhor não pode ser apenas ideológico, mas de fé.

Para nós que cremos a criação é dom de Deus Criador e Pai. Um dom não se estraga nunca, sobretudo quando ele é necessário para a nossa vida. Dom Helder Câmara chamava o homem de co-criador no sentido que ele é chamado a aperfeiçoar com sua inteligência o dom recebido, descobrindo a perfeição que existe nas leis que regem o universo. Daí é que surge a nossa luta e o nosso compromisso para a salvaguarda da criação, pois ela é de Deus e casa comum para todos!

Ninguém pode nos proibir de sonhar que, ao término da história, possamos entregar nas mãos do Pai, enriquecido a aperfeiçoado, o dom que ele nos entregou no início e serão… “novos céus e nova terra nos quais a justiça habitará”! (2Pd 3,13)

Leia a declaração final da Cúpula dos Povos

O documento final da Cúpula dos povos sintetiza os principais eixos discutidos durante as plenárias e assembléias, assim como expressam as intensas mobilizações ocorridas durante esse período – de 15 a 22 de junho – que apontam as convergências em torno das causas estruturais e das falsas soluções, das soluções dos povos frente às crises, assim como os principais eixos de luta para o próximo período.

As sínteses aprovadas nas plenárias integram e complementam este documento político para que os povos, movimentos e organizações possam continuar a convergir e aprofundar suas lutas e construção de alternativas em seus territórios, regiões e países em todos os cantos do mundo.

Declaração final

Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental
Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.

Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.

O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.

A dita “economia verde” é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.

As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemonico e transformador.

A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética,  são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.

Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.

Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.

Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.

A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:

  • Contra a militarização dos Estados e territórios;
  • Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
  • Contra a violência contra as mulheres;
  • Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
  • Contra as grandes corporações;
  • Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;
  • Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
  • Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
  • Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
  • Pela garantia e conquista de direitos;
  • Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
  • Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
  • Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
  • Pela democratização dos meios de comunicação;
  • Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
  • Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.

Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.

Em pé continuamos em luta!

Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

Cúpula dos Povos diz que texto da Rio+20 traz ‘frustração e desencanto’

Os representantes da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), afirmaram nesta sexta-feira (22) para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, estarem “frustrados” com o texto aprovado pelos países na Rio+20.

Ban Ki-moon ouve as críticas de Iara Pietrovsky, representante da Cúpula dos Povos (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
Ban Ki-moon ouve as críticas de Iara Pietrovsky, da Cúpula dos Povos (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

“Gostaria de iniciar nossa conversa expressando nosso profundo desencanto, nossa profunda frustrração em relação ao documento oficial apresentado”, disse Iara Pietrovsky, integrante do grupo de articulação da Cúpula dos Povos, dirigindo-se ao secretário-geral da ONU.

No encontro realizado nesta manhã no Riocentro, a Cúpula dos Povos entregou o documento político final elaborado durante as Plenárias de Convergência organizadas por ONGs e movimentos sociais, que representam representam redes, organizações e movimentos sociais de vários países, em temas sindicais, indígenas, ambientais, povos tradicionais, direitos humanos, entre outros. O documento está disponível no site da Cúpula dos Povos.

“Esperávamos um documento bem mais audacioso, bem mais ambicioso frente aos desafios que estamos nos confrontando”, disse Iara. “De qualquer maneira, acreditamos que o diálogo e a possibilidade de uma agenda é importante para que possamos criar saídas alternativas e sustentáveis para o nosso planeta”, ressalvou.

Ao término do encontro, os representantes da Cúpula dos Povos reafirmaram o sentimento de frustração. “A Rio+20 acabou para nós, mas o nosso processo não dependia da conferência. A O Rio+20 foi uma passagem, infelizmente uma passagem extremamente frustrante”, afirmou Iara.

Matéria de Darlan Alvarenga publicada no G1

Rio+20: a questão é o homem

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

A Conferência das Nações Unidas sobre o clima e o futuro da economia e da vida na Terra despertou um enorme interesse. Mesmo se alguns importantes chefes de Estado preferiram não aparecer, as numerosas delegações oficiais revelam que há uma preocupação amplamente compartilhada com a sustentabilidade da economia e o futuro da vida na nossa casa comum.

Além das delegações oficiais, participantes da Cúpula final da Conferência, a sociedade civil também se mobilizou e realizou a chamada Cúpula dos Povos, que agrega numerosas ONGs, associações, sindicatos de trabalhadores, empresários, representações de Igrejas e religiões, de minorias étnicas… É uma rica e variada expressão das organizações sociais, que manifestam de maneira espontânea e direta as próprias convicções, preocupações e interesses de todos os tipos e gostos, para assegurar o desenvolvimento e o bem-estar econômico, sem comprometer a sustentabilidade da vida no nosso Planeta.

Nesse variado conjunto de propostas, não faltam aquelas que aproveitam a ocasião para tentar passar suas pautas ideológicas, como a afirmação de que o aborto é “um direito humano”, que a droga seja deixada livre, ou que a prostituição deve ser reconhecida como uma profissão igual a outra qualquer… É preciso estar atentos para que, em todo esse agito, não seja vendido gato por lebre e não se assinem cheques em branco, tudo como se fosse “boa causa” em favor da sustentabilidade da vida na Terra… Essa causa precisa, mais que tudo, de discernimento e escolhas acertadas.

A Rio+20 está proporcionando uma grande tomada de consciência sobre as mais variadas implicações da questão ecológica, que vão do descarte adequado do lixo ao melhor uso dos alimentos disponíveis; do uso dos combustíveis menos danosos à vida, ao modelo econômico adequado para a distribuição mais equitativa dos recursos disponíveis… É preciso mesmo desenvolver uma nova consciência, que leve a uma cultura “ecologicamente correta”; e isso requer educação atenta em todas as fases da vida das pessoas, do berço até à morte; e em todos os ambientes sociais e níveis de convivência, do privado ao coletivo e público… A questão interessa a todos.

A Igreja põe em destaque alguns princípios irrenunciáveis para uma solução adequada da questão ambiental. No centro de tudo deve estar sempre o homem; é ele que pode estragar e destruir o ambiente da vida, ou cuidar bem e preservar a casa que abriga e sustenta a todos. A questão ambiental, antes de ser um desafio econômico e científico, é uma questão ética e moral. Depende da decisão do homem ter atitudes corretas na sua relação com a natureza. Não podemos exigir, com nossa ganância, mais do que a terra pode oferecer.

Por outro lado, pretender a solução do problema ambiental, excluindo o cuidado do homem, também seria impossível; a solução virá com a promoção de uma correta “ecologia humana”, que supõe a superação da pobreza, a aplicação de mais recursos para a educação e a saúde, a afirmação clara da dignidade humana e dos legítimos direitos universais da pessoa. É questão de uma correta antropologia e de solidariedade social.

Cardeal Scherer discursa na Rio+20

domodiloNo Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, o cardeal dom Odilo Scherer, legado pontifício e chefe da Delegação da Santa Sé, discursou nesta terça-feira, 19 de junho, em um evento paralelo à Rio+20, sobre Agricultura e Sociedades sustentáveis: segurança alimentar, terra e solidariedade.

O evento foi uma iniciativa da Cáritas Internacional, CIDSE e organização Franciscana Internacional. Também participaram do evento o arcebispo de Dioulasso, em Burkina Fasso, dom Paul Yembuado Ouédraogo, e o observador permanente da Santa Sé na ONU, arcebispo Francis Chullikatt.

Em seu discurso, o cardeal ressaltou que “a centralidade da pessoa humana no Princípio 1º da Conferência de 1992 é um lembrete de que o desenvolvimento sustentável não é alcançado através do desenvolvimento econômico, ambiental ou político isoladamente, mas antes, e acima de tudo, deve ser medido pela sua capacidade de promover e salvaguardar a dignidade da pessoa humana”.

Dom Odilo recordou a responsabilidade da sociedade para com o meio ambiente e ressaltou, porém, que não se pode tirar a dignidade humana e nem deixar de lado o direito a vida “a centralidade da pessoa humana requer que a sociedade meça o progresso econômico sobretudo pela capacidade de promover a pessoa humana. Isso requer que a ética não seja separada das tomadas de decisões econômicas, mas sim que seja reconhecida”.

Ao finalizar seu discurso, o arcebispo reforçou que a Santa Sé tem procurado “promover um desfecho que respeite a dignidade da pessoa humana”, e que o maior recurso do planeta é o ser humano. E este está “no centro do desenvolvimento sustentável”.

Rio + 20…. Enquanto isso na Warner brasileira – Brasília – Tom e Jerry salvam uma cachoeira

“Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil”. Assim começa todos os telejornais brasileiros e assim são as manchetes dos impressos nessa pátria gentil. Fato relevante e importante para a sociedade tupiniquim que contém grandes reservas naturais a serem cuidadas pelo governo. Outra coisa que o governo deve cuidar é de suas reservas de popularidade, embora o povo tenha memória curta. Muito curta. Quase um Alzheimer.

É, a preservação das florestas de dinheiro publico para o bem político de um ser chamado político começou. Creio que com inspiração na Rio +20 e Cúpula dos Povos. Afinal a grande floresta verde de reais está se esgotando. Será? Não, isso só aconteceria em sonhos, ou melhor, pesadelos dos sofistas do planalto. Dos éticos. É nesse contesto de Rio +20 e Cúpula dos Povos que Tom and Jerry  entram em ação na CPI de preservação das cachoeiras. Ou de quem nela se banhou.

Como no desenho, Tom e Jerry sempre se estranham e vão as vias de se extinguirem. Contudo diante a ameaça em comum de alguém se unem facilmente. Em Brasília, a Warner brasileira, ou até mesmo a Disney, afinal lá são produzidos belos contos de fada, assistimos, ou não, ao  filme “O que há por trás da Cachoeira”. Na verdade, como sempre sabemos, espero, que os filmes de contos de fadas, heróis e outros seres são ficção, a CPI também é.

Ontem, 14/06, houve uma grande encenação de abandono da CPI por parte de Tom – oposição – e uma “trolagem”  de Jerry – Governo – pela não aprovação da convocação do dono da Delta. Empresa mergulhada nas águas dessa cachoeira, assim como o Senador ético e governadores semelhantes. Sem falar em outros membros do governo e da CPI que fizeram um tour por Paris com Cachoeira.

A Rio + 20 corre o risco de novamente não gerar grandes frutos ambientais para o planeta. A Cúpula dos Povos continuará com os status de evento paralelo. Já a CPI do Cachoeira terá o destino mais bonito de todos. A preservação. O desfecho que o mundo espera na Rio + 20 acontecerá em Brasília. No final as águas de cachoeira serão preservadas e Tom e Jerry saíram abraçados comendo queijo e peixe. A Rio+20, só Deus sabe.

Ah! Me esqueci do povo, inclusive eu. Mas não me lembro de nada hoje, ontem e nem daqui uns dias.

Por Marquione Ban

Igreja presente na Conferência Rio+20 e na Cúpula dos Povos

rio202012Vinte anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o Rio de Janeiro volta a ser o ponto de encontro para lideranças do mundo inteiro e sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, entre os dias 13 e 22 de junho. Paralelamente a esse grande evento, de 15 a 23 de junho, acontecerá, no Aterro do Flamengo, a Cúpula dos Povos, numa oportunidade para tratar dos problemas enfrentados pela humanidade e demonstrar a força política dos povos organizados. Dentro dessa perspectiva, a arquidiocese do Rio de Janeiro, bem como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) marcam presença ao longo do evento propondo reflexões e debates sobre a integração do homem com o mundo à sua volta.

A Rio+20 também conta com a participação da Santa Sé, que enviou uma equipe para representar o papa Bento XVI. À frente dessa comitiva está o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer. Para ele, esse será um grande desafio, uma vez que a presença da Santa Sé no evento representa a palavra da Igreja.

“É uma tarefa importante porque eu irei integrar e, ao mesmo tempo, chefiar a delegação da Santa Sé, que representa a palavra da Igreja, a posição da Igreja sobre as questões tratadas na Rio+20. No entanto, com grande honra, porque é a oportunidade de apresentar o pensamento da Igreja, que tem uma grande autoridade moral no conselho das nações. Embora o Vaticano seja um Estado pequeno, a sua representatividade é muito grande e importante no âmbito das nações”, disse o cardeal.

A primeira das atividades será no dia 15 de junho, na Tenda da Paz, no aterro do Flamengo, onde haverá uma mesa de diálogo sobre meio ambiente e justiça social.

Dom Odilo ressaltou a forte presença da Santa Sé em eventos promovidos pelas Nações Unidas e outros órgãos internacionais. “Ela tem se feito presente através do Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e por isso também apresenta a Santa Sé em eventos como este, que é a Rio +20. “A Igreja tem um pensamento, um olhar próprio sobre todas essas questões, uma visão sobre o homem, uma visão sobre a economia, cultura, sobre a vida e assim por diante. Portanto, são oportunidades da Santa Sé, em nome da Igreja, de estar colocando a posição, a palavra da Igreja para ajudar a servir e iluminar, e isso faz parte da missão evangelizadora da Igreja”, concluiu.

Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas

observadornaONUPela primeira vez no Rio de Janeiro e com participação ativa na Rio + 20, o Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, dom Francis Chullikatt, tem uma missão importante: destacar a pessoa humana e os problemas ecológico-sociais dos países mais pobres, que, segundo ele, muitas vezes não têm voz nas grandes conferências.

Junto com dom Francis, chegaram na última terça-feira, 12 de junho, três colaboradores: padre Philip J. Bené, padre Justin Wylie e o advogado Lucas Swanepoel, que já estão participando da 3ª Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reúnem representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência.

Em entrevista para a WebTV Redentor, dom Francis Chullikatt falou sobre o papel da Igreja na Rio+20, destacando os três aspectos do desenvolvimento sustentável: a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

“A Igreja é muito importante no desenvolvimento destes três aspectos. Relacionado ao aspecto econômico, sabemos que a Igreja Católica sempre se preocupa com os países pobres. Quando falamos do social, sabemos que a Igreja é totalmente envolvida no crescimento da situação social do mundo. O terceiro aspecto, o ecológico, pode-se destacar, aqui no Brasil, a preocupação com a proteção da Amazônia. Nós cuidamos da natureza, porque nós católicos acreditamos na preservação”, disse.

O Observador na ONU mostrou-se preocupado em trabalhar durante a Conferência, principalmente com os países pobres, já que a Rio+20 tem dois temas centrais: “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”; e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”.

“Viemos mostrar especialmente aqueles que não têm voz, especialmente o povo dos países pobres. Defendemos a humanidade e as pessoas que têm a vida violentada pelo mundo. Temos que ter essa preocupação para a vida humana ser preservada”, acrescentou dom Chullikatt.

RIO+20 E CARITAS INTERNACIONAL

Thacio Siqueira

“Todos com fome de justiça, equidade, sustentabilidade ecológica e co-responsabilidade”, é o tema da carta enviada pela Caritas Internacional para a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que começou hoje na cidade do Rio de Janeiro e vai até o dia 22 de junho.

“O mundo atravessa, há alguns anos, uma crise sem precedentes”, começou a carta e destacou o “escândalo de 1 bilhão de pessoas que passam fome”. Nesse contexto mundial a Caritas internacional quer também fazer-se ouvir, até mesmo por ser, “uma confederação de 164 organizações solidárias católicas”, que busca em todas as suas obras “uma perspectiva completa, que leva em consideração a interdependência da família humana e seu bem-estar, em suas diferentes dimensões”.

“Respeito e realização dos direitos humanos” é o que a Caritas defende, desejando que haja “uma mudança de paradigma” começada pela cúpula da Rio+20. Só haverá “consciência e responsabilidade social” quando houver verdade, confiança e amor pelor verdadeiro. E para isso existem 5 elementos que não podem ser deixados de fora pela cúpula da Reunião.

Primeiro trata-se de um futuro sem fome. “A única fome que deveríamos sofrer é a fome pela justiça, equidade, sustentabilidade ecológica e co-responsabilidade”, diz a carta.

Em segundo lugar ir atrás de um “um futuro com visão”, mantendo a “visão contida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o compromisso dos líderes para aplicá-los”.

Em terceiro lugar “um futuro de cuidados com a nossa casa: A criação”, pois “o ambiente como ‘recurso’ coloca em perigo o ambiente como ‘casa’” trazendo consequência injustas principalmente para os mais pobres e desfavorecidos, que muitas vezes não são sujeitos causadores de práticas arriscadas”, afirma a carta.

Em quarto lugar “um futuro com o novo marco econômico verde”, porém sem deixar de lado o “desenvolvimento humano, integral e sustentável” e que esse “novo marco econômico” sirva para “favorecer o trabalho digno, dando esperança sobre tudo aos milhares de jovens que estão sem trabalho.

E enfim, em quinto lugar deve-se promover “Um futuro que respeite mulheres e homens criados à imagem de Deus: um novo contrato social”, onde haja “um código de conduta para uma cidadania  global solidária”, pois “todos e todas somos consumidores dos produtos da criação” e “podemos optar por maneiras de viver que favoreçam o desenvolvimento, cuide do meio ambiente e reduza os efeitos negativos para os mais pobres”. Um modelo econômico que inclua dinâmicas de democracia participativa e promova a dignidade humana.

“Criar uma cultura de respeito e de diálogo” é, por fim, a mensagem que a Caritas Internacional enviou para a Rio+20.

 Leia o documento completo clicando aqui

Fonte ZENIT.org

Dom Odilo é enviado do Papa para Rio+20

O Aarcebispo metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, será o enviado especial do Papa Bento XVI e chefe da Delegação da Santa Sé na Conferencia das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustenstável (Rio+20), que será realizada entre os dias 13 e 22 de junho (o arcebispo foi nomeado para os dias 20 a 22, quando acontece o Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de diversos chefes de Estado), na cidade do Rio de Janeiro. Dom Odilo foi comunicado da nomeação pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D’Aniello, por carta datada de 29 de maio. A carta do Núncio informa, ainda, que “também farão parte da Delegação da Santa Sé o Ex.mo Mons. Francis Chullikatt, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, o Rev.do Philip J.Bené, o Ver.do Justin Wylie e o Advogado Lucas Swanepoel”.

A Rio+20 é assim conhecida porque marca os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.

O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

A Conferência terá dois temas principais: “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”; e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”.

A Rio+20 será composta por três momentos. Nos primeiros dias, de 13 a 15 de junho, está prevista a III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência. Em seguida, entre 16  e 19 de junho, serão programados os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. De 20 a 22 de junho, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros das Nações Unidas.

Fórum articula ações para a Cúpula dos Povos e analisa veto parcial do novo Código Florestal

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Nos dias 24 e 25 de maio, os integrantes do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social estiveram reunidos em Brasília. Como parceira do Fórum, a CNBB foi representada no evento por dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca (SP) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz. A reunião resultou na elaboração de uma carta de posicionamento diante da atual conjuntura nacional.
O bispo explicou que o encontro anual dos representes das entidades parcerias serviu para acertar os próximos passos em vista da Rio+20, a Cúpula dos Povos e o debate do novo Código Florestal. “Analisamos as medidas propostas pelo capitalismo internacional para a defesa do meio ambiente, com a chamada ‘economia verde’. Os organismos internacionais que estão próximos de grupos como agricultores, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, não vêem essa solução como eficaz, democrática ou popular. Essa ‘economia verde’ é na verdade mais um instrumento para o capital pintar de verde o capitalismo, que sempre foi tão cinzento”.dompedroluizStringhinimaio2012

A mensagem final da reunião do Fórum reafirmou que a natureza não tem preço, ao dizer que as entidades são contrárias ao discurso que apresenta a economia verde como a solução para os problemas que o planeta. “Somos contrários à economia verde, bem como aos instrumentos apresentados pelo mercado e assumidos pelos governos no bojo da discussão do combate às mudanças climáticas”, afirmou o bispo.

Em relação ao veto parcial ao texto do novo Código Florestal, apresentado nesta sexta-feira, dom Pedro declarou satisfação com a decisão da Presidência da República. “Há tempos que o Fórum e as entidades parceiras vinham lamentado a tramitação e o resultado trágico e negativo que a Câmara dos Deputados apresentou. Por isso, recebemos com bastante conforto, alívio e alegria estes vetos todos da presidente da República. Demonstrou a sensatez, a sensibilidade à opinião, seja de quem trabalha no Ministério do Meio Ambiente, seja dos movimentos sociais e cientistas. É uma vitória, que não é total, mas em que foram vetados pontos que seriam muito nocivos à questão do meio ambiente no Brasil. Isso dá fôlego para que continuemos no trabalho de mobilização, conscientização e participação do nosso povo”.

Pastoral da Juventude lança subsídio sobre Cúpula dos povos

Subsídio #PJnaCupulaDosPovos

A Pastoral da Juventude em comunhão com a Igreja e com os mais diversos movimentos sociais juvenis e preocupada com o bem estar dos povos, sua vida plena e o cuidado com a nossa casa mãe, está inserida no processo de construção da Cúpula dos Povos para a Rio+20. Este é um espaço construído pela sociedade civil, onde iremos levar nossas bandeiras de luta, denunciando as falsas soluções para o desenvolvimento sustentável do planeta, e também, pautar nossas reflexões e propostas enquanto juventude para o mundo que queremos.

Para que a juventude possa inserir-se neste debate e trazer à luz suas ideias e práticas sustentáveis, a PJ o subsidio para encontros de grupos de jovens “Cúpula dos Povos na Rio+20”. O mesmo é composto por uma carta de apresentação sobre a Cúpula dos Povos e a Rio+20, dois encontros e uma celebração, além de algumas reflexões e musicas em torno do tema.

Esperamos que este material possa chegar a todos os grupos de jovens, e que estes possam vivenciar esta mística do “Bem Viver”.
Autor/Fonte: GT Nacional da Pastoral da Juventude para a Cúpula dos Povos

Por que tanto veneno?

Estamos perto da Rio+20 e da Cúpula dos Povos que acontecem aqui no Brasil. Esses eventos vão debater as mudanças climáticas e tentar propor soluções para frear o aquecimento global e as intempéries da natureza que ameaçam o globo e tudo que nele existe.

Muito pouco podemos fazer? Sempre me pergunto isso. No entanto, a resposta que me dou é não. Podemos começar a modificar nossa consciência e assim buscarmos praticas mais sustentáveis de viver, na grande casa, que Deus nos Deus para cuidar e não destruir.

O blog Ambiental Unipac, do amigo Rafael Vargas, é um blog voltado para essas práticas sustentáveis. Então vamos acessar e adquirir conhecimento para mudarmos nosso pensar e por caminho, nossas atitudes.

A matéria abaixo fala do uso indiscriminados de agrotóxicos. Confira:

Por que tanto veneno?.

Encontro das Pastorais Sociais em Maringá vai discutir função do Estado e Rio+20

logorio20Cerca de 150 lideranças da Igreja Católica no Paraná estarão em Maringá no próximo fim de semana, dias 18, 19 e 20 de maio, para participar do Encontro das Pastorais Sociais do Regional Sul 2 da CNBB (Paraná). O evento será realizado no Centro de Formação Bom Pastor, anexo ao seminário Nossa Senhora da Glória. Na sexta-feira, logo após a abertura, haverá um momento de diálogo sobre a Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que será realizada de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).

No sábado, 19, será feita uma análise da conjuntura político-social sobre a realidade do Brasil; análise da conjuntura das Pastorais Sociais no Regional Sul 2; reflexão sobre a identidade e a missão das Pastorais Sociais na Igreja do Brasil e por fim a discussão sobre a proposta da 5ª Semana Social Brasileira, que propõe um amplo debate nacional para refletir qual o papel do Estado com o tema “Um novo Estado, caminho para uma sociedade do bem viver” e o lema “Estado para que e para quem?”.

Às 19h30 os participantes vão celebrar a missa na Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória.  No domingo, 20, serão feitos os encaminhamentos do encontro e sobre a Semana Social Brasileira.

CINE O ANUNCIADOR: Cúpula dos povos

O vídeo aborda as questões ambientais e acima de tudo a dignidade humana diante o avanço econômico destruidor do meio ambiente e favorecedor de poucos. O vídeo é Vídeo produzido pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social e pela Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Justiça, da Caridade e da Paz – CNBB.

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RIO+20, Cúpula dos povos e afetados por mudanças climáticas

Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo de Franca (SP)

A ONU realizará, em junho deste ano, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. No mesmo período, acontecerá a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental. O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social participará da Cúpula dos Povos, levando sua experiência e contribuição.

“A Cúpula dos Povos – um evento organizado pela sociedade civil – deverá atrair dez mil pessoas, de 15 a 23 de junho, no Aterro do Flamengo. Segundo a Ong Fase, serão duas mil pessoas da Via Campesina, mil quilombolas, 1,2 mil indígenas e mil trabalhadores da agricultura familiar, entre outros” (O Estado de SP, 28.03.12).

A Conferência sobre Meio Ambiente Rio+20 comemora os 20 anos da Eco 92 (Rio de Janeiro 1992). Uma visão e análise críticas da realidade dão conta que, em vez de fazer uma séria revisão sobre o que foi ou não realizado das decisões da Eco 92, tanto a ONU quanto o Governo brasileiro estão preferindo que a Rio+20 sirva para consagrar a proposta dos grandes grupos econômicos, a “economia verde”.

A cartilha Economia Verde, que está sendo publicada pela Rede Jubileu Brasil e outras entidades, e que está sendo assumida pelas pastorais sociais da CNBB como texto de informação e formação, ajuda a compreender com profundidade por que esta proposta está sendo contestada pelos movimentos sociais da sociedade civil brasileira e internacional.

Trata-se, em resumo, de nova tentativa dos principais responsáveis pelo aquecimento global, as empresas capitalistas, de se apresentarem como as “salvadoras do meio ambiente”. Na verdade, o que desejam é estabelecer preço para todos os bens naturais, que ainda são bens comuns – água, ar, reservas florestais, áreas indígenas e quilombolas, paisagens naturais, conhecimentos tradicionais, biodiversidade … –, usando-os como “créditos de carbono” a partir de pagamentos pelos “serviços ambientais” dessas áreas preservadas. Ou seja, querem continuar poluindo, justificados com esses pagamentos de serviços ambientais, tornando-se donos, ao mesmo tempo, de novos títulos de crédito negociados em mais uma bolsa especulativa.

Questionando essa opção, entidades da sociedade civil decidiram convocar-se como Cúpula dos Povos, autônoma em relação à conferência governamental Rio+20. Ela se propõe, através de atividades de Assembleia do Povo, dizer uma palavra profética sobre as verdadeiras causas da crise ambiental que atinge o Planeta, sobre a propalada solução da “economia verde” e, finalmente, sobre o que já está sendo feito e o que é preciso fazer para defender e promover a vida na Terra e da Terra.

O Fórum está buscando condições para apoiar a presença dos Afetados por Desastres Socioambientais(MONADES) na Cúpula dos Povos. O plano é realizar o 2º Seminário de Atingidos, que será também a 1ª Assembleia do MONADES, no Rio de Janeiro, nos dias 15 e 16 de junho – dias de atividades autogestionadas dos movimentos e entidades da Cúpula dos Povos. Em seguida, possibilitar a participação na Marcha de Abertura (dia 17), das Assembleias (dias 18, 19 e 21) e das Mobilizações, especialmente as do dia 20, da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental.

Grande parte da missão do Fórum será realizada com a consolidação do MONADES. Com ele, os Afetados serão protagonistas na luta por políticas públicas que garantam seus direitos e promovam ações preventivas em todas as áreas de risco de desastres socioambientais.

A Cúpula dos Povos quer, com sua mobilização, sensibilizar a sociedade sobre a urgência em que se encontra a humanidade de implementar soluções verdadeiras. Cada comunidade cristã pode contribuir para essa importante e cidadã mobilização.

Em vista dessa mobilização, faz-se relevante e pertinente a proposta de recolher 1,4 milhão de assinaturas para propor ao Congresso nacional uma lei de iniciativa popular que coíba o desmatamento, isto é, realize o chamado desmatamento zero, impedindo a supressão de florestas nativas em todo o território nacional.