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A coragem de Francisco: “quero ir ao Iraque”

O Papa Francisco confirmou à imprensa sua preocupação pela grave situação que vivem os cristãos no Oriente Médio e afirmou:

“quero ir ao Iraque”.

cristo crucificado no iraque-webDurante o voo de volta a Roma logo depois de passar três dias de visita apostólica na Turquia, o Santo Padre dialogou durante 46 minutos respondendo a dez perguntas feitas por jornalistas que viajavam com ele no avião papal.

No diálogo o Papa Francisco reiterou sua vontade de ir a este país onde os cristãos são perseguidos pela fé e sofrem em meio ao terror e o ódio.

“Sabem o que significa pensar na saúde, na alimentação, em uma cama, uma casa para um milhão de refugiados? Eu quero ir ao Iraque. Falei com o patriarca Sako. No momento não é possível. Se eu fosse neste momento, criaria um problema para as autoridades, para a segurança”.

000_par7908212-1A primeira vez que o Pontífice expressou seu desejo de visitar o Iraque, foi em agosto, em sua viagem de volta a Roma logo depois de estar na Coréia do Sul: “estou disposto a ir ao Iraque e acredito poder dizê-lo”, inclusive explicou que “se fosse necessário depois da viagem a Coréia, poderia ir até lá; era uma das possibilidades. Estou disposto! Neste momento não é o melhor, mas estou disposto a isso”, recalcou.

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Papa pede insistentes orações pela paz no Oriente Médio

000_par7908212-1(ACI).- Rezar nunca é em vão: disse o Papa Francisco após a oração mariana do Angelus, este domingo, ocasião em que fez mais um apelo pelo fim do conflito no Oriente Médio, pedindo que todos continuem rezando com insistência pela paz na Terra Santa.

Referindo-se ao encontro de 8 de junho passado com o Patriarca Bartolomeu, o Presidente Peres e o Presidente Mahmoud Abbas, “alguém poderia pensar que este encontro se realizou em vão”, disse o Papa.

Ao invés não, porque a oração nos ajuda a não nos deixar vencer pelo mal nem nos resignar ao fato de que a violência e o ódio predominem sobre o diálogo e a reconciliação.

O Pontífice exortou israelenses, palestinos e todos os que têm responsabilidades políticas em nível local e internacional a não pouparem oração e esforços para que cesse toda hostilidade e se obtenha a paz desejada pelo bem de todos.

E convidou os fiéis e peregrinos na Praça a um momento de oração silenciosa, depois do qual pronunciou as seguintes palavras:

Agora, Senhor, ajuda-nos Tu! Doa-nos Tu a paz, ensina-nos Tu a paz, guia-nos Tu rumo à paz. Abre os nossos olhos e doa-nos a coragem de dizer: “nunca mais a guerra!”; “com a guerra, tudo está perdido!”. Infunde em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz… Torna-nos disponíveis a ouvir o clamor dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão.

Neymar, o Messias. Isso é liberdade de expressão?

Por Felipe Melo – Juventude Conservadora da UnB

Recentemente, uma série de distúrbios seriíssimos estourou no Oriente Médio e cercanias em virtude de um filme caseiro que fazia troça de Maomé e dos muçulmanos. Aproximadamente uma centena de pessoas foram mortas nos protestos que rasgaram o mundo islâmico – inclusive o então embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Chris Stevens –, centenas de milhares de pessoas foram mobilizadas por clérigos islâmicos para mostrar a sua revolta de modo sangrento, e os velhos discursos contra o “Grande Satã” do Ocidente ecoaram novamente com força total. Curiosamente, a tradução e divulgação do filme no mundo islâmico foi promovida justamente por grupos radicais.

A celeuma estava pronta. Diversas lideranças mundiais condenaram tanto o filme (bobo e de muito mau gosto) quanto sua instrumentalização pelos líderes islâmicos, o diretor do filmeco teve o nome e o endereço divulgado pelas autoridades americanas, diversas ações judiciais correram o mundo, inclusive no Brasil, para proibir seu acesso, e, como sói acontecer, a turma de plantão do pluralismo e tolerância rosnou junto com os radicais.

Agora, vejam a imagem abaixo:

Essa, senhoras e senhores, é a capa da edição de outubro da revista Placar. Para qualquer pessoa com um mínimo de senso das coisas, essa capa parece desnecessariamente apelativa. Por quê? Ela nivela duas figuras essencial e completamente diferentes: endeusa alguém à custa da secularização de Alguém que,para 1/3 do gênero humano, é Deus feito homem. Comparar Neymar a Jesus Cristo, sobretudo da forma como isso foi feito, é, no mínimo, uma maneira bastante discutível de aumentar as vendas de uma revista – o que parece ser o único desejo da editora em questão. Para muitas pessoas, e eu me incluo nessa conta, essa capa não é apenas inadequada, mas despropositadamente ofensiva.

Decerto não veremos o Papa Bento XVI ou qualquer outro líder cristão de importância mundial conclamando uma guerra santa contra a revista, nem haverá aglomerações de pessoas em passeata atirando para o alto e atacando a polícia, muito menos matando qualquer pessoa, por conta dessa capa lamentável. Mas engana-se quem pensa que devemos ficar simplesmente passivos diante de algo aparentemente sem importância: é nosso direito – e, sobretudo àqueles que abraçam a fé cristã, um dever – manifestar nosso repúdio.

Acessem a página da revista Placar em que se encontra a notícia da capa e deixem seu comentário. Divulguem para outras pessoas e peçam que façam o mesmo. Não deixem isso passar em branco. E vamos esperar para ver se nossos amigos politicamente corretos dedicarão suas excelsas atenções a esse fato.

Leia também a nota da CNBB em repúdio a esta imagem:

Entrevista com Dom Leonardo Steiner

Leia nota na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, manifesta profunda indignação diante da publicação de uma fotomontagem que compõe a capa de uma revista esportiva na qual se vê a imagem de Jesus Cristo crucificado com o rosto de um jogador de futebol.

Reconhecemos a liberdade de expressão como princípio fundamental do estado e da convivência democrática, entretanto, que há limites objetivos no seu exercício. A ridicularização da fé e o desdém pelo sentimento religioso do povo por meio do uso desrespeitoso da imagem da pessoa de Jesus Cristo sugerem a manipulação e instrumentalização de um recurso editorial com mera finalidade comercial.

A publicação demonstrou-se, no mínimo, insensível ao recente quadro mundial de deplorável violência causado por uso inadequado de figuras religiosas, prestando, assim, um grave desserviço à consolidação da convivência respeitosa entre grupos de diferentes crenças.

A fotomontagem usa de forma explícita a imagem de Jesus Cristo crucificado, mesmo que o diretor da publicação tenha se pronunciado negando esse fato tão evidente, e isso se constitui numa clara falta de respeito que ofende o que existe de mais sagrado pelos cristãos e atualiza, de maneira perigosa, o já conhecido recurso de atrair a atenção por meio da provocação.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

Em mensagem de Páscoa, Bento XVI pede paz no Oriente Médio

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Na manhã deste domingo, na Praça São Pedro, o Santo Padre presidiu a Santa Missa de Páscoa, diante de 100 mil fiéis que, com ele, foram celebrar a alegria da ressurreição do Senhor. Em sua homilia, ressaltou que, neste Domingo de Páscoa, “também nós, depois de termos atravessado o deserto da Quaresma e os dias dolorosos da Paixão, damos largas ao brado de vitória: «Ressuscitou! Ressuscitou verdadeiramente!»”
“Todo o cristão – disse o Papa – revive a experiência de Maria de Madalena. É um encontro que muda a vida, o encontro como um Homem único, que nos faz sentir toda a bondade e a verdade de Deus, que nos liberta do mal, não de modo superficial e passageiro, mas liberta-nos radicalmente, cura-nos completamente e restitui-nos a nossa dignidade. Eis o motivo por que Madalena chama Jesus «minha esperança»: porque foi Ele que a fez renascer, que lhe deu um futuro novo, uma vida boa, liberta do mal. «Cristo minha esperança» significa que todo o meu desejo de bem encontra n’Ele uma possibilidade de realização: com Ele, posso esperar que a minha vida se torne boa e seja plena, eterna, porque é o próprio Deus que Se aproximou até ao ponto de entrar na nossa humanidade.”

Bento XVI continuou dizendo que, contudo, “Maria de Magdala, tal como os outros discípulos, teve de ver Jesus rejeitado pelos chefes do povo, preso, flagelado, condenado à morte e crucificado”. “Deve ter sido insuportável – ponderou o Papa – ver a Bondade em pessoa sujeita à maldade humana, a Verdade escarnecida pela mentira, a Misericórdia injuriada pela vingança”.

“Com a morte de Jesus, parecia falir a esperança de quantos confiavam n’Ele. Mas esta fé nunca desfalece de todo: sobretudo no coração da Virgem Maria, a mãe de Jesus, a pequena chama continuou acesa e viva mesmo na escuridão da noite. A esperança, neste mundo, não pode deixar de contar com a dureza do mal. Não é apenas o muro da morte a criar-lhe dificuldade, mas também e mais ainda as aguilhoadas da inveja e do orgulho, da mentira e da violência. Jesus passou através desta trama mortal, para nos abrir a passagem para o Reino da vida. Houve um momento em que Jesus aparecia derrotado: as trevas invadiram a terra, o silêncio de Deus era total, a esperança parecia reduzida a uma palavra vã.”

“Mas eis que, ao alvorecer do dia depois do sábado, encontram vazio o sepulcro – retomou o Pontífice. Depois Jesus manifesta-Se a Madalena, às outras mulheres, aos discípulos. A fé renasce mais viva e mais forte do que nunca, e já invencível porque fundada sobre uma experiência decisiva”

E então o Santo Padre anunciou: “Amados irmãos e irmãs! Se Jesus ressuscitou, então – e só então – aconteceu algo de verdadeiramente novo, que muda a condição do homem e do mundo. Então Ele, Jesus, é alguém a quem nos podemos absolutamente confiar, confiando não apenas na sua mensagem, mas n’Ele mesmo, porque o Ressuscitado não pertence ao passado, mas está presente e vivo hoje.”

Por fim, o Santo Padre fez um apelo para que “Cristo Ressuscitado dê esperança ao Médio Oriente, para que todas as componentes étnicas, culturais e religiosas daquela Região colaborem para o bem comum e o respeito dos direitos humanos”. Pediu ainda que, “cesse, na Síria, o derramamento de sangue e adote-se, sem demora, o caminho do respeito, do diálogo e da reconciliação, como é vivo desejo também da comunidade internacional”. Dirigiu seu pensamento também “aos numerosos refugiados, originários de lá e necessitados de assistência humanitária”, para que “possam encontrar o acolhimento e a solidariedade que mitiguem as suas penosas tribulações”.

O Papa ainda intercedeu pelo povo iraquiano, pedindo “que a vitória pascal encoraje o povo iraquiano a não poupar esforços para avançar no caminho da estabilidade e do progresso”. Lembrou-se da Terra Santa, para que “israelitas e palestinos retomem, com coragem, o processo de paz”. Pediu ainda ao Senhor que “sustente as comunidades cristãs do Continente Africano, conceda-lhes esperança para enfrentarem as dificuldades e torne-as obreiras de paz e artífices do progresso das sociedades a que pertencem”, nomeando países como os da região dos Grandes Lagos, o Sudão, o Sudão do Sul, Mali, Nigéria.

Após a Comunhão, o Papa concedeu a todos sua Benção Apostólica, ao que se seguiu o canto do Regina Coeli. E ao término da Santa Missa de Páscoa, o Papa concedeu a todos a Bênção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo), e saudou todos os presentes em diversas línguas, desejando uma Feliz Páscoa. Por fim, concedeu indulgência plenária a todos os presentes e aos que seguiram a Santa Missa por rádio, internet ou televisão (sempre levando em consideração que a indulgência plenária é concedida aos que se confessaram neste período e rezaram pelas intenções do Santo Padre).

Bispos estão preocupados com possível desaparição do cristianismo

Os bispos europeus expressaram sua preocupação pela “situação de opressão” na qual vivem os cristãos do Oriente Médio e pelo “perigo de desaparecer o Cristianismo nos lugares onde nasceu e existiu por dois mil anos”.

Esta foi a tônica da sessão plenária de primavera da Comissão dos Bispos da Comunidade Europeia (COMECE), que teve como tema “A Igreja cristã no Magreb e no Mashriq”, revelou o Bispo de Rotterdam e Presidente desse organismo episcopal, Dom Adrianus van Luyn.

Ainda estamos chocados, disse o Presidente Van Luyn, com os atentados sanguinários contra a Igreja no Egito e no Iraque”, referindo-se às revoluções que nestes últimos meses se desenvolveram nos países do Norte da África, em nome da liberdade e da democracia.

“Apesar das evoluções das últimas semanas, a situação das minorias cristãs continua precária. É necessário protegê-las”, disse ainda o presidente da COMECE.

Em seu discurso sobre a catástrofe que atingiu o Japão, Dom Van Lyn pediu uma reflexão sobre a utilização da energia nuclear e sobretudo no tocante ao estilo de vida que requer uso desproporcional de energia.

Sobre o caso do Egito, o Cardeal Antonios Naguib, advertiu para o risco de que o clamor dos jovens pela democracia poderia cair no esquecimento. “O movimento juvenil não tem líderes reconhecidos e nem estrutura para enfrentar as próximas eleições. Precisam de tempo!”, exclamou.

Outro fator de risco para a transição democrática no Egito, segundo o Cardeal Naguib, é o artigo 2 da Constituição, que prevê a lei islâmica como fonte principal do direito.

“Como Igreja decidimos não levantar a questão para não prejudicar a coesão nacional, deixando-a para quando a mudança da Constituição for tratada. Somos propensos à democracia e por isso nos preocupa este artigo ser mantido na implantação da futura Constituição” afirmou o purpurado recordando que “ no País a igualdade não é aplicada a todos igualmente”, apesar de termos artigos que prevejam isso.

Por sua parte, o arcebispo maronita do Chipre, Dom Yousseif, revelou que “os cristãos, como também disse o Sínodo para o Oriente Médio, são portadores de cultura e de esperança, de paz e de reconciliação”.