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Rio+20: Esperança ou decepção?

Dom Francisco Biasin
Bispo de Pesqueira (PE)

Apagados os holofotes sobre a Rio +20 é possível refletir sobre este evento e sobre a Cúpula dos Povos com maior objetividade e quem sabe, tirar algumas lições de vida, assim como lançar um olhar em perspectiva de futuro sobre a humanidade e a preservação do planeta terra através de uma economia sustentável.

É unanime a constatação que no Documento oficial da Conferência, assinado pelos representantes oficiais das Nações, não houve grandes avanços no compromisso de preservar o planeta terra da devastação e do aquecimento, aliás adiou-se para o próximo futuro e para outras Conferências a agenda sobre estes assuntos de primária importância.

Sintomática foi à presença dos Estados Unidos, país que mais polui no planeta, cujo representante oficial Hillary Clinton, ao chegar de última hora, fez um pronunciamento sem compromisso nenhum, a não ser uma insignificante ajuda aos países da África. Arrancou uma salve de palmas ao tornar-se defensora dos “direitos reprodutivos” da mulher, tema muito polêmico debatido na Cúpula dos Povos, desviando assim a atenção dos reais problemas da pobreza global, da falta de água potável para 600 milhões de seres humanos no planeta e da fome que assola a terra em várias regiões, sobretudo da África, da Ásia e da América Latina.

Participei da Cúpula dos Povos, no Fórum das “Religiões por direitos” que viu reunidos líderes de várias Religiões que se empenham na preservação do meio ambiente, colocando a pessoa humana no centro do ecossistema.

Com eles celebramos, a partir das escrituras e das tradições de cada credo! O refrão que ecoou na celebração de tradição judaica cristã foi o início do salmo 8: “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”

Houve também uma mesa redonda, promovida pela Comissão Episcopal Pastoral de Ecumenismo e Diálogo interreligioso, onde cada líder religioso apresentou o compromisso da sua Igreja ou religião na preservação da natureza para uma economia sustentável.

Com alegria coube-nos:

1. Anunciar a Boa nova do destino universal dos bens e da ecologia como oportunidade única diante da sensibilidade da humanidade e dos pobres de pleitar uma nova ordem econômica, frisando a estreita interdependência entre os seres humanos  e todos os outros seres vivos  no planeta terra.

2. Reconhecer que a criação é o primeiro sacramento da bondade e da beleza do Criador, sinal do seu amor providente pelas criaturas. É vista como “casa comum” onde acontece a aliança de Deus com a humanidade e com todos os seres criados.

3. Reconhecer também que sensibilidade ecológica abre os nossos olhos de crentes para que possamos enxergar a presença de Deus Criador e Pai que sustenta cada criatura e todo a criação, proporcionando-nos assim uma nova compreensão do universo. Deus continua criando e acompanha a sua criação e, a partir dela, faz ouvir a sua voz. (Salmo 19, 1-5)

4. Valorizar a ecologia como base comum que facilita o diálogo universal. Homens e mulheres de diferentes ideologias, de diferentes credos religiosos e de diversas culturas, diante da responsabilidade que tem para garantir o futuro da humanidade e dos perigos que ameaçam o planeta terra, constroem uma plataforma comum para dialogar e poder olhar na mesma direção para defender a casa comum.

5. Apresentar, enfim o grito dos pobres que mais sofrem com as mudanças climáticas provocadas pelo uso mercantilizado da terra, das florestas, das águas dos rios e das riquezas do subsolo. Defender a biodiversidade e os biomas para garantir o equilíbrio ecológico contra o uso predatório provocado por interesses econômicos. Favorecer estilos de vida sóbrios e saudáveis baseados em relações de fraternidade e respeito não apenas entre os seres humanos, mas também com a criação, inspirando-nos no testemunho de São Francisco.

Olhando para o evento da Rio+20, para os resultados alcançados ou as reações que ele provocou, ficam algumas interrogações: avançamos ou recuamos? Temos razões para esperar ou motivos mais graves para nos preocupar? O grito dos povos chega às instâncias das decisões dos que detém o poder econômico e político?

Trata-se de interrogações que exigem um posicionamento que para nós discípulos do Senhor não pode ser apenas ideológico, mas de fé.

Para nós que cremos a criação é dom de Deus Criador e Pai. Um dom não se estraga nunca, sobretudo quando ele é necessário para a nossa vida. Dom Helder Câmara chamava o homem de co-criador no sentido que ele é chamado a aperfeiçoar com sua inteligência o dom recebido, descobrindo a perfeição que existe nas leis que regem o universo. Daí é que surge a nossa luta e o nosso compromisso para a salvaguarda da criação, pois ela é de Deus e casa comum para todos!

Ninguém pode nos proibir de sonhar que, ao término da história, possamos entregar nas mãos do Pai, enriquecido a aperfeiçoado, o dom que ele nos entregou no início e serão… “novos céus e nova terra nos quais a justiça habitará”! (2Pd 3,13)

Cúpula dos Povos diz que texto da Rio+20 traz ‘frustração e desencanto’

Os representantes da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), afirmaram nesta sexta-feira (22) para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, estarem “frustrados” com o texto aprovado pelos países na Rio+20.

Ban Ki-moon ouve as críticas de Iara Pietrovsky, representante da Cúpula dos Povos (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
Ban Ki-moon ouve as críticas de Iara Pietrovsky, da Cúpula dos Povos (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

“Gostaria de iniciar nossa conversa expressando nosso profundo desencanto, nossa profunda frustrração em relação ao documento oficial apresentado”, disse Iara Pietrovsky, integrante do grupo de articulação da Cúpula dos Povos, dirigindo-se ao secretário-geral da ONU.

No encontro realizado nesta manhã no Riocentro, a Cúpula dos Povos entregou o documento político final elaborado durante as Plenárias de Convergência organizadas por ONGs e movimentos sociais, que representam representam redes, organizações e movimentos sociais de vários países, em temas sindicais, indígenas, ambientais, povos tradicionais, direitos humanos, entre outros. O documento está disponível no site da Cúpula dos Povos.

“Esperávamos um documento bem mais audacioso, bem mais ambicioso frente aos desafios que estamos nos confrontando”, disse Iara. “De qualquer maneira, acreditamos que o diálogo e a possibilidade de uma agenda é importante para que possamos criar saídas alternativas e sustentáveis para o nosso planeta”, ressalvou.

Ao término do encontro, os representantes da Cúpula dos Povos reafirmaram o sentimento de frustração. “A Rio+20 acabou para nós, mas o nosso processo não dependia da conferência. A O Rio+20 foi uma passagem, infelizmente uma passagem extremamente frustrante”, afirmou Iara.

Matéria de Darlan Alvarenga publicada no G1

Rio+20: a questão é o homem

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

A Conferência das Nações Unidas sobre o clima e o futuro da economia e da vida na Terra despertou um enorme interesse. Mesmo se alguns importantes chefes de Estado preferiram não aparecer, as numerosas delegações oficiais revelam que há uma preocupação amplamente compartilhada com a sustentabilidade da economia e o futuro da vida na nossa casa comum.

Além das delegações oficiais, participantes da Cúpula final da Conferência, a sociedade civil também se mobilizou e realizou a chamada Cúpula dos Povos, que agrega numerosas ONGs, associações, sindicatos de trabalhadores, empresários, representações de Igrejas e religiões, de minorias étnicas… É uma rica e variada expressão das organizações sociais, que manifestam de maneira espontânea e direta as próprias convicções, preocupações e interesses de todos os tipos e gostos, para assegurar o desenvolvimento e o bem-estar econômico, sem comprometer a sustentabilidade da vida no nosso Planeta.

Nesse variado conjunto de propostas, não faltam aquelas que aproveitam a ocasião para tentar passar suas pautas ideológicas, como a afirmação de que o aborto é “um direito humano”, que a droga seja deixada livre, ou que a prostituição deve ser reconhecida como uma profissão igual a outra qualquer… É preciso estar atentos para que, em todo esse agito, não seja vendido gato por lebre e não se assinem cheques em branco, tudo como se fosse “boa causa” em favor da sustentabilidade da vida na Terra… Essa causa precisa, mais que tudo, de discernimento e escolhas acertadas.

A Rio+20 está proporcionando uma grande tomada de consciência sobre as mais variadas implicações da questão ecológica, que vão do descarte adequado do lixo ao melhor uso dos alimentos disponíveis; do uso dos combustíveis menos danosos à vida, ao modelo econômico adequado para a distribuição mais equitativa dos recursos disponíveis… É preciso mesmo desenvolver uma nova consciência, que leve a uma cultura “ecologicamente correta”; e isso requer educação atenta em todas as fases da vida das pessoas, do berço até à morte; e em todos os ambientes sociais e níveis de convivência, do privado ao coletivo e público… A questão interessa a todos.

A Igreja põe em destaque alguns princípios irrenunciáveis para uma solução adequada da questão ambiental. No centro de tudo deve estar sempre o homem; é ele que pode estragar e destruir o ambiente da vida, ou cuidar bem e preservar a casa que abriga e sustenta a todos. A questão ambiental, antes de ser um desafio econômico e científico, é uma questão ética e moral. Depende da decisão do homem ter atitudes corretas na sua relação com a natureza. Não podemos exigir, com nossa ganância, mais do que a terra pode oferecer.

Por outro lado, pretender a solução do problema ambiental, excluindo o cuidado do homem, também seria impossível; a solução virá com a promoção de uma correta “ecologia humana”, que supõe a superação da pobreza, a aplicação de mais recursos para a educação e a saúde, a afirmação clara da dignidade humana e dos legítimos direitos universais da pessoa. É questão de uma correta antropologia e de solidariedade social.

Cardeal Scherer discursa na Rio+20

domodiloNo Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, o cardeal dom Odilo Scherer, legado pontifício e chefe da Delegação da Santa Sé, discursou nesta terça-feira, 19 de junho, em um evento paralelo à Rio+20, sobre Agricultura e Sociedades sustentáveis: segurança alimentar, terra e solidariedade.

O evento foi uma iniciativa da Cáritas Internacional, CIDSE e organização Franciscana Internacional. Também participaram do evento o arcebispo de Dioulasso, em Burkina Fasso, dom Paul Yembuado Ouédraogo, e o observador permanente da Santa Sé na ONU, arcebispo Francis Chullikatt.

Em seu discurso, o cardeal ressaltou que “a centralidade da pessoa humana no Princípio 1º da Conferência de 1992 é um lembrete de que o desenvolvimento sustentável não é alcançado através do desenvolvimento econômico, ambiental ou político isoladamente, mas antes, e acima de tudo, deve ser medido pela sua capacidade de promover e salvaguardar a dignidade da pessoa humana”.

Dom Odilo recordou a responsabilidade da sociedade para com o meio ambiente e ressaltou, porém, que não se pode tirar a dignidade humana e nem deixar de lado o direito a vida “a centralidade da pessoa humana requer que a sociedade meça o progresso econômico sobretudo pela capacidade de promover a pessoa humana. Isso requer que a ética não seja separada das tomadas de decisões econômicas, mas sim que seja reconhecida”.

Ao finalizar seu discurso, o arcebispo reforçou que a Santa Sé tem procurado “promover um desfecho que respeite a dignidade da pessoa humana”, e que o maior recurso do planeta é o ser humano. E este está “no centro do desenvolvimento sustentável”.

CNBB escreve mensagem sobre a Conferência das Nações Unidas Rio+20

cnbb“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) espera que, da Rio+20, brote o compromisso de construção de um ‘modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamenta no evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens e que supere a lógica utilitarista e individualista, que não submete os poderes econômicos e tecnológicos a critérios éticos’” (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e caribenho – Documento de Aparecida n474c).

Com essas palavras, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiu hoje, 19 de junho, uma mensagem sobre a Conferência Rio+20, que acontece na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de 13 a 22 de junho.

Segundo a CNBB, todos devem assumir, com coragem e determinação, o compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da história, só têm excluído e condenado os pobres à miséria e à morte.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, contribui para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.

A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.

O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

Leia a mensagem abaixo:

Mensagem da CNBB sobre a Conferência Rio +20

“O Senhor Deus tomou o Homem e o colocou no jardim de Éden, para o cultivar e guardar” (Gn 2,15).

A Conferência das Nações Unidas Rio +20, sobre o desenvolvimento sustentável, acolhida pelo Brasil neste mês de junho, carrega consigo a irrenunciável responsabilidade de responder aos anseios e expectativas mundiais em relação à defesa e promoção de toda forma de vida, especialmente a humana, desde sua concepção até seu término natural.

A crise econômica, financeira e social por que passam as grandes potências da economia mundial, com graves consequências para as nações emergentes, emoldura a Rio +20. Considerada, por causa de sua profundidade e alcance, como uma crise de civilização, esta crise “interpela todos, pessoas e povos, a um profundo discernimento dos princípios e dos valores culturais e morais que estão na base da convivência social”. Entre suas múltiplas causas está “um liberalismo econômico sem regras e incontrolado” (Nota do Pontifício Conselho Justiça e Paz sobre o sistema financeiro).

É urgente repensar nossa relação com a natureza, que “nos precede, tendo-nos sido dada por Deus como ambiente de vida” e está à nossa disposição “não como um lixo espalhado ao acaso, mas como um dom do Criador” (Bento XVI – Caritas in Veritate, n. 48). Se, por um lado, como nos recorda o papa Bento XVI, é “lícito ao homem exercer um governo responsável sobre a natureza para guardá-la, fazê-la frutificar e cultivá-la, inclusive com formas novas e tecnologias avançadas, para que possa acolher e alimentar condignamente a população que a habita”, por outro, é preciso que “a comunidade internacional e os diversos governos saibam contrastar, de maneira eficaz, as modalidades de utilização do ambiente que sejam danosas para o mesmo” (Bento XVI – Caritas in Veritate, n. 50).

Os bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida em 2007, já denunciavam: “com muita frequência se subordina a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico, com danos à biodiversidade, com o esgotamento das reservas de água e de outros recursos naturais, com a contaminação do ar e a mudança climática” (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 66).

O cuidado com a natureza e com a vida, que nela brota e dela depende, passa pelo reconhecimento de que é dever de todos, especialmente dos dirigentes das nações, garantir a estas e às futuras gerações a casa comum – o Planeta Terra – livre de toda destruição. Essa meta só se alcançará com a subordinação do desenvolvimento econômico à justiça social, no respeito à pessoa, à natureza e aos povos. Para tanto, é necessário que todos, especialmente os dirigentes mundiais, assumam com coragem e determinação, o compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da história, só têm excluído e condenado os pobres à miséria e à morte. Para a erradicação da fome e da miséria, “não se trata de diminuir o número dos convidados para o banquete da vida, mas de aumentar a comida na mesa”, como já nos alertou o Papa Paulo VI (cf. Homilia de João Paulo II em Puebla, 1979).

A Cúpula dos Povos, organizada pela sociedade civil e realizada concomitantemente à Rio +20, tem a importante tarefa de reafirmar a responsabilidade dos dirigentes das nações pelas graves consequências de uma opção equivocada, ao subjugar o desenvolvimento econômico ao domínio do mercado e do lucro, desconsiderando tanto a natureza quanto a vida e a cultura dos povos.

A Igreja no Brasil, especialmente através da Campanha da Fraternidade, tem chamado constantemente a atenção para a destruição da natureza provocada por um desenvolvimento econômico predatório, alimentado por um sistema produtivo e um estilo de vida consumista, muitas vezes, também predatórios. As consequências são, dentre outras, o desmatamento, a contaminação e escassez da água e as mudanças climáticas. Os que mais sofrem os impactos de tudo isso são os pobres e excluídos.

É imperioso que nos eduquemos para relações novas e éticas com o meio ambiente. Esta é uma meta imprescindível da Rio +20, que não deve desviar-se de sua real e concreta finalidade.

A Rio +20 indica uma resposta a essas questões com a chamada Economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a privatização e a mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o ar, as energias e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável. Não podemos nos contentar com uma roupagem nova para proteger o insaciável mercado, que só tem olhos para o lucro, configurando-se como “lobo em pele de cordeiro” ao manter inalteradas as causas estruturais da crise ambiental.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB espera que, da Rio +20,  brote o compromisso  de construção de um “modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamenta no evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens e que supere a lógica utilitarista e individualista, que não submete os poderes econômicos e tecnológicos a critérios éticos” (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 474c).

Esse compromisso deve ser assumido por todos. Os cristãos, de modo especial, movidos pela solidariedade, que gera fraternidade e comunhão, são convocados a trabalhar pela preservação do meio ambiente e a colaborar na construção de uma sociedade justa, ecologicamente sustentável.

Que Deus, o Criador de todas as coisas, se digne abençoar seus filhos e filhas nesta nobre missão de “cultivar e guardar” a terra, lugar de vida para todos (cf. Gn 2,15).

Brasília, 19 de junho de 2012

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

Dom Odilo destaca contribuição da Igreja na Rio+20

Veja a entrevista de Dom Odilo ao portal Canção Nova: 

Enviado especial para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, acredita que a Igreja vai poder contribuir dando sequência ao trabalho que já realiza: ajudar o ser humano a ter uma consciência mais clara sobre sua relação com a natureza. A Conferência está sendo realizada no Rio de Janeiro (RJ) de 13 a 22 de junho deste ano.

Dom Odilo participa dos debates nos próximos dias 20 e 22. Nesse período, será realizado o Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de representantes de vários países do mundo. Ele disse que a palavra da Igreja é apreciada, mesmo diante do fato de que nem sempre todos a levem em conta. O cardeal enfatizou que a Santa Sé tem sim um peso nas discussões e que vai fazer a sua parte, dando a contribuição da Igreja.

Veja abaixo a íntegra da entrevista que Dom Odilo concedeu ao repórter Otávio Baldim.

noticias.cancaonova.com –  Como o senhor vê a possibilidade de representar o Papa Bento XVI na Rio+20?

Dom Odilo Pedro Scherer – Pra mim foi, naturalmente, motivo de grande alegria, e ao mesmo tempo uma responsabilidade grande de estar representando a Santa Sé como enviado especial e ao mesmo tempo chefiando a delegação da Santa Sé para a Conferência Rio+20. Eu, naturalmente, não estarei sozinho, mas com toda uma delegação de diplomatas e estudiosos que vão estar nesta comitiva, digamos assim, dessa delegação da Santa Sé. Eles já estão acompanhando todas essas questões, a organização da Cúpula Rio+20 e, ao mesmo tempo, os assuntos tratados há mais tempo e com todo conhecimento das várias implicações, dos discursos, das posições que ali vão aparecer. Evidentemente, vão ajudar para que agente possa estar ali apresentando e representando a posição da Santa Sé, da Igreja e, em última análise, em relação às várias questões tratadas.

noticias.cancaonova.com – Como a Igreja espera contribuir para a Rio+20?

Dom Odilo – Nós esperamos continuar a fazer aquilo que já estamos fazendo, que a Igreja está fazendo ajudando a sociedade e a humanidade, primeiramente, a ter uma consciência mais clara sobre a relação com a natureza, como ela deve ser. Nós partimos do princípio da nossa fé em Deus criador. Deus viu que era bom, então se é bom nós devemos tratar bem. Se é obra de Deus nós devemos, portanto, valorizá-la, acolhê-la com gratidão, não estragá-la e não desrespeitá-la. Por outro lado, a Igreja, nas questões ambientais, destaca sempre que o homem está no centro. O ser humano deve ser aquele que, de fato e em última análise, é o objeto final das reflexões ambientais. Então não podemos, por exemplo, promover um discurso ambientalista que queira tirar o homem do meio ambiente. Isso seria, do nosso ponto de vista, equivocado. Porém, o ser humano também precisa estar no lugar certo e fazer o que é certo, por isso uma ética correta nas relações com meio ambiente a Igreja também propõe. E a ética é a ética da solidariedade porque nós temos sempre que pensar que não somos os últimos, os únicos a habitar o Planeta Terra. Portanto, esta casa colocada à nossa disposição com todos os seus recursos, a casa que nos hospeda, nos abriga, nos alimenta, esta mesma casa está à nossa disposição agora, mas depois de nós virão outros que também querem usá-la, habitá-la, alegra-se e poder ainda viver bem nesta mesma casa. Então o que nós temos que fazer é pensar nos outros, nunca sozinhos. Um pensamento solidário, este é fundamental quando tratamos das questões ambientais.

noticias.cancaonova.com – O senhor estava falando que o homem não pode esquecer a natureza, até porque ele não conseguiria viver sem os recursos naturais que hoje estão disponíveis, mas não com tanta grandeza como tinha antigamente, não é?

Dom Odilo – Não é que os recursos naturais estão acabando. Eles existem e devem ser zelados. Então o homem, ainda voltando mais uma vez à visão cristã sobre o mundo, o homem e a natureza, o homem foi colocado como um zelador no jardim, no paraíso. Então o homem deve assumir a sua responsabilidade de cuidar bem e não de estragar o jardim, o paraíso terrestre, ou seja, o mundo em que nós vivemos. Por isso o homem está no centro, quer como beneficiado, mas também como responsável para bem cuidar do mundo, justamente na visão solidária de modo que não haja um pensamento e nem uma atitude egoísta em que os bens acabam sendo acumulados apenas em poucas mãos ou para poucos povos e outros fiquem com falta desses bens. Da mesma forma, no futuro poderá haver bens da criação do mundo renováveis, aliás, a maioria dos bens é renovável e nós podemos muito bem viver com eles por muito tempo no Planeta Terra, contanto que nós zelemos pelas condições da vida no planeta, de modo que a nossa terra continue a produzir plantas, frutas, alimentos, sustento para todas as criaturas que aqui vivem e para nós também e que nós não depredemos os recursos naturais tornando inviável a vida para o futuro.

noticias.cancaonova.com – O senhor vai estar participando da Rio+20 entre os dias 20 e 22, que é um dia do segmento do alto nível da Conferência em que estarão participando representantes de vários países do mundo inteiro. O senhor acha que a opinião da Igreja vai ter o mesmo peso da opinião desses representantes?

Dom Odilo – A Santa Sé, representando a Igreja, nós temos que falar que aqui não está presente a Igreja enquanto Igreja, mas está presente o Vaticano representando a Santa Sé, tem uma autoridade moral muito grande. Essa palavra da Igreja é apreciada mesmo que nem sempre todos a levem em conta. Mas a palavra da Igreja representada pela Santa Sé tem um peso e por isso mesmo a Santa Sé não pode deixar de dizer a sua palavra, de apresentar a sua posição. Evidentemente, depois nas decisões as questões são tomadas de acordo com o critério que cada delegação oficial vai ter, as orientações recebidas oficialmente, e aí o voto de todos é igual. Evidentemente que a Santa Sé não deixará de fazer a sua parte.

por Jéssica Marçal, com colaboração de Otávio Baldim

Igreja presente na Conferência Rio+20 e na Cúpula dos Povos

rio202012Vinte anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o Rio de Janeiro volta a ser o ponto de encontro para lideranças do mundo inteiro e sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, entre os dias 13 e 22 de junho. Paralelamente a esse grande evento, de 15 a 23 de junho, acontecerá, no Aterro do Flamengo, a Cúpula dos Povos, numa oportunidade para tratar dos problemas enfrentados pela humanidade e demonstrar a força política dos povos organizados. Dentro dessa perspectiva, a arquidiocese do Rio de Janeiro, bem como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) marcam presença ao longo do evento propondo reflexões e debates sobre a integração do homem com o mundo à sua volta.

A Rio+20 também conta com a participação da Santa Sé, que enviou uma equipe para representar o papa Bento XVI. À frente dessa comitiva está o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer. Para ele, esse será um grande desafio, uma vez que a presença da Santa Sé no evento representa a palavra da Igreja.

“É uma tarefa importante porque eu irei integrar e, ao mesmo tempo, chefiar a delegação da Santa Sé, que representa a palavra da Igreja, a posição da Igreja sobre as questões tratadas na Rio+20. No entanto, com grande honra, porque é a oportunidade de apresentar o pensamento da Igreja, que tem uma grande autoridade moral no conselho das nações. Embora o Vaticano seja um Estado pequeno, a sua representatividade é muito grande e importante no âmbito das nações”, disse o cardeal.

A primeira das atividades será no dia 15 de junho, na Tenda da Paz, no aterro do Flamengo, onde haverá uma mesa de diálogo sobre meio ambiente e justiça social.

Dom Odilo ressaltou a forte presença da Santa Sé em eventos promovidos pelas Nações Unidas e outros órgãos internacionais. “Ela tem se feito presente através do Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e por isso também apresenta a Santa Sé em eventos como este, que é a Rio +20. “A Igreja tem um pensamento, um olhar próprio sobre todas essas questões, uma visão sobre o homem, uma visão sobre a economia, cultura, sobre a vida e assim por diante. Portanto, são oportunidades da Santa Sé, em nome da Igreja, de estar colocando a posição, a palavra da Igreja para ajudar a servir e iluminar, e isso faz parte da missão evangelizadora da Igreja”, concluiu.

Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas

observadornaONUPela primeira vez no Rio de Janeiro e com participação ativa na Rio + 20, o Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, dom Francis Chullikatt, tem uma missão importante: destacar a pessoa humana e os problemas ecológico-sociais dos países mais pobres, que, segundo ele, muitas vezes não têm voz nas grandes conferências.

Junto com dom Francis, chegaram na última terça-feira, 12 de junho, três colaboradores: padre Philip J. Bené, padre Justin Wylie e o advogado Lucas Swanepoel, que já estão participando da 3ª Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reúnem representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência.

Em entrevista para a WebTV Redentor, dom Francis Chullikatt falou sobre o papel da Igreja na Rio+20, destacando os três aspectos do desenvolvimento sustentável: a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

“A Igreja é muito importante no desenvolvimento destes três aspectos. Relacionado ao aspecto econômico, sabemos que a Igreja Católica sempre se preocupa com os países pobres. Quando falamos do social, sabemos que a Igreja é totalmente envolvida no crescimento da situação social do mundo. O terceiro aspecto, o ecológico, pode-se destacar, aqui no Brasil, a preocupação com a proteção da Amazônia. Nós cuidamos da natureza, porque nós católicos acreditamos na preservação”, disse.

O Observador na ONU mostrou-se preocupado em trabalhar durante a Conferência, principalmente com os países pobres, já que a Rio+20 tem dois temas centrais: “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”; e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”.

“Viemos mostrar especialmente aqueles que não têm voz, especialmente o povo dos países pobres. Defendemos a humanidade e as pessoas que têm a vida violentada pelo mundo. Temos que ter essa preocupação para a vida humana ser preservada”, acrescentou dom Chullikatt.

RIO+20 E CARITAS INTERNACIONAL

Thacio Siqueira

“Todos com fome de justiça, equidade, sustentabilidade ecológica e co-responsabilidade”, é o tema da carta enviada pela Caritas Internacional para a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que começou hoje na cidade do Rio de Janeiro e vai até o dia 22 de junho.

“O mundo atravessa, há alguns anos, uma crise sem precedentes”, começou a carta e destacou o “escândalo de 1 bilhão de pessoas que passam fome”. Nesse contexto mundial a Caritas internacional quer também fazer-se ouvir, até mesmo por ser, “uma confederação de 164 organizações solidárias católicas”, que busca em todas as suas obras “uma perspectiva completa, que leva em consideração a interdependência da família humana e seu bem-estar, em suas diferentes dimensões”.

“Respeito e realização dos direitos humanos” é o que a Caritas defende, desejando que haja “uma mudança de paradigma” começada pela cúpula da Rio+20. Só haverá “consciência e responsabilidade social” quando houver verdade, confiança e amor pelor verdadeiro. E para isso existem 5 elementos que não podem ser deixados de fora pela cúpula da Reunião.

Primeiro trata-se de um futuro sem fome. “A única fome que deveríamos sofrer é a fome pela justiça, equidade, sustentabilidade ecológica e co-responsabilidade”, diz a carta.

Em segundo lugar ir atrás de um “um futuro com visão”, mantendo a “visão contida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o compromisso dos líderes para aplicá-los”.

Em terceiro lugar “um futuro de cuidados com a nossa casa: A criação”, pois “o ambiente como ‘recurso’ coloca em perigo o ambiente como ‘casa’” trazendo consequência injustas principalmente para os mais pobres e desfavorecidos, que muitas vezes não são sujeitos causadores de práticas arriscadas”, afirma a carta.

Em quarto lugar “um futuro com o novo marco econômico verde”, porém sem deixar de lado o “desenvolvimento humano, integral e sustentável” e que esse “novo marco econômico” sirva para “favorecer o trabalho digno, dando esperança sobre tudo aos milhares de jovens que estão sem trabalho.

E enfim, em quinto lugar deve-se promover “Um futuro que respeite mulheres e homens criados à imagem de Deus: um novo contrato social”, onde haja “um código de conduta para uma cidadania  global solidária”, pois “todos e todas somos consumidores dos produtos da criação” e “podemos optar por maneiras de viver que favoreçam o desenvolvimento, cuide do meio ambiente e reduza os efeitos negativos para os mais pobres”. Um modelo econômico que inclua dinâmicas de democracia participativa e promova a dignidade humana.

“Criar uma cultura de respeito e de diálogo” é, por fim, a mensagem que a Caritas Internacional enviou para a Rio+20.

 Leia o documento completo clicando aqui

Fonte ZENIT.org

Dom Odilo é enviado do Papa para Rio+20

O Aarcebispo metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, será o enviado especial do Papa Bento XVI e chefe da Delegação da Santa Sé na Conferencia das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustenstável (Rio+20), que será realizada entre os dias 13 e 22 de junho (o arcebispo foi nomeado para os dias 20 a 22, quando acontece o Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de diversos chefes de Estado), na cidade do Rio de Janeiro. Dom Odilo foi comunicado da nomeação pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D’Aniello, por carta datada de 29 de maio. A carta do Núncio informa, ainda, que “também farão parte da Delegação da Santa Sé o Ex.mo Mons. Francis Chullikatt, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, o Rev.do Philip J.Bené, o Ver.do Justin Wylie e o Advogado Lucas Swanepoel”.

A Rio+20 é assim conhecida porque marca os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.

O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

A Conferência terá dois temas principais: “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”; e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”.

A Rio+20 será composta por três momentos. Nos primeiros dias, de 13 a 15 de junho, está prevista a III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência. Em seguida, entre 16  e 19 de junho, serão programados os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. De 20 a 22 de junho, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros das Nações Unidas.

Por que tanto veneno?

Estamos perto da Rio+20 e da Cúpula dos Povos que acontecem aqui no Brasil. Esses eventos vão debater as mudanças climáticas e tentar propor soluções para frear o aquecimento global e as intempéries da natureza que ameaçam o globo e tudo que nele existe.

Muito pouco podemos fazer? Sempre me pergunto isso. No entanto, a resposta que me dou é não. Podemos começar a modificar nossa consciência e assim buscarmos praticas mais sustentáveis de viver, na grande casa, que Deus nos Deus para cuidar e não destruir.

O blog Ambiental Unipac, do amigo Rafael Vargas, é um blog voltado para essas práticas sustentáveis. Então vamos acessar e adquirir conhecimento para mudarmos nosso pensar e por caminho, nossas atitudes.

A matéria abaixo fala do uso indiscriminados de agrotóxicos. Confira:

Por que tanto veneno?.

Encontro das Pastorais Sociais em Maringá vai discutir função do Estado e Rio+20

logorio20Cerca de 150 lideranças da Igreja Católica no Paraná estarão em Maringá no próximo fim de semana, dias 18, 19 e 20 de maio, para participar do Encontro das Pastorais Sociais do Regional Sul 2 da CNBB (Paraná). O evento será realizado no Centro de Formação Bom Pastor, anexo ao seminário Nossa Senhora da Glória. Na sexta-feira, logo após a abertura, haverá um momento de diálogo sobre a Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que será realizada de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).

No sábado, 19, será feita uma análise da conjuntura político-social sobre a realidade do Brasil; análise da conjuntura das Pastorais Sociais no Regional Sul 2; reflexão sobre a identidade e a missão das Pastorais Sociais na Igreja do Brasil e por fim a discussão sobre a proposta da 5ª Semana Social Brasileira, que propõe um amplo debate nacional para refletir qual o papel do Estado com o tema “Um novo Estado, caminho para uma sociedade do bem viver” e o lema “Estado para que e para quem?”.

Às 19h30 os participantes vão celebrar a missa na Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória.  No domingo, 20, serão feitos os encaminhamentos do encontro e sobre a Semana Social Brasileira.

CINE O ANUNCIADOR: Cúpula dos povos

O vídeo aborda as questões ambientais e acima de tudo a dignidade humana diante o avanço econômico destruidor do meio ambiente e favorecedor de poucos. O vídeo é Vídeo produzido pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social e pela Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Justiça, da Caridade e da Paz – CNBB.

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RIO+20, Cúpula dos povos e afetados por mudanças climáticas

Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo de Franca (SP)

A ONU realizará, em junho deste ano, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. No mesmo período, acontecerá a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental. O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social participará da Cúpula dos Povos, levando sua experiência e contribuição.

“A Cúpula dos Povos – um evento organizado pela sociedade civil – deverá atrair dez mil pessoas, de 15 a 23 de junho, no Aterro do Flamengo. Segundo a Ong Fase, serão duas mil pessoas da Via Campesina, mil quilombolas, 1,2 mil indígenas e mil trabalhadores da agricultura familiar, entre outros” (O Estado de SP, 28.03.12).

A Conferência sobre Meio Ambiente Rio+20 comemora os 20 anos da Eco 92 (Rio de Janeiro 1992). Uma visão e análise críticas da realidade dão conta que, em vez de fazer uma séria revisão sobre o que foi ou não realizado das decisões da Eco 92, tanto a ONU quanto o Governo brasileiro estão preferindo que a Rio+20 sirva para consagrar a proposta dos grandes grupos econômicos, a “economia verde”.

A cartilha Economia Verde, que está sendo publicada pela Rede Jubileu Brasil e outras entidades, e que está sendo assumida pelas pastorais sociais da CNBB como texto de informação e formação, ajuda a compreender com profundidade por que esta proposta está sendo contestada pelos movimentos sociais da sociedade civil brasileira e internacional.

Trata-se, em resumo, de nova tentativa dos principais responsáveis pelo aquecimento global, as empresas capitalistas, de se apresentarem como as “salvadoras do meio ambiente”. Na verdade, o que desejam é estabelecer preço para todos os bens naturais, que ainda são bens comuns – água, ar, reservas florestais, áreas indígenas e quilombolas, paisagens naturais, conhecimentos tradicionais, biodiversidade … –, usando-os como “créditos de carbono” a partir de pagamentos pelos “serviços ambientais” dessas áreas preservadas. Ou seja, querem continuar poluindo, justificados com esses pagamentos de serviços ambientais, tornando-se donos, ao mesmo tempo, de novos títulos de crédito negociados em mais uma bolsa especulativa.

Questionando essa opção, entidades da sociedade civil decidiram convocar-se como Cúpula dos Povos, autônoma em relação à conferência governamental Rio+20. Ela se propõe, através de atividades de Assembleia do Povo, dizer uma palavra profética sobre as verdadeiras causas da crise ambiental que atinge o Planeta, sobre a propalada solução da “economia verde” e, finalmente, sobre o que já está sendo feito e o que é preciso fazer para defender e promover a vida na Terra e da Terra.

O Fórum está buscando condições para apoiar a presença dos Afetados por Desastres Socioambientais(MONADES) na Cúpula dos Povos. O plano é realizar o 2º Seminário de Atingidos, que será também a 1ª Assembleia do MONADES, no Rio de Janeiro, nos dias 15 e 16 de junho – dias de atividades autogestionadas dos movimentos e entidades da Cúpula dos Povos. Em seguida, possibilitar a participação na Marcha de Abertura (dia 17), das Assembleias (dias 18, 19 e 21) e das Mobilizações, especialmente as do dia 20, da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental.

Grande parte da missão do Fórum será realizada com a consolidação do MONADES. Com ele, os Afetados serão protagonistas na luta por políticas públicas que garantam seus direitos e promovam ações preventivas em todas as áreas de risco de desastres socioambientais.

A Cúpula dos Povos quer, com sua mobilização, sensibilizar a sociedade sobre a urgência em que se encontra a humanidade de implementar soluções verdadeiras. Cada comunidade cristã pode contribuir para essa importante e cidadã mobilização.

Em vista dessa mobilização, faz-se relevante e pertinente a proposta de recolher 1,4 milhão de assinaturas para propor ao Congresso nacional uma lei de iniciativa popular que coíba o desmatamento, isto é, realize o chamado desmatamento zero, impedindo a supressão de florestas nativas em todo o território nacional.