Jesus ao instituir o sacramento da Reconciliação, na noite de Páscoa, apareceu aos Apóstolos reunidos; soprou-lhe na face e disse:
“Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados; àqueles aos quais os retiverdes, serão retidos” (Jo 20,22-23).
Ora, se Jesus assim decidiu, é porque assim é o melhor para todos nós. Ou será que alguém vai querer contestar Jesus?
Seria muito fácil, cômodo e fácil para a Igreja se Jesus tivesse mandado a gente se confessar diretamente com Deus, mas Ele não quis assim; quis que salvação fosse administrada pelos Apóstolos e a quem eles concedessem esse poder pelo sacramento da Ordem.
Assim, o sacerdote para dar o perdão ao penitente precisa saber de sua disposição para deixar o pecado. É ordem de Jesus.
A praxe de confessar faltas ao sacerdote já estava em vigor no Antigo Testamento. O livro do Levítico mostra vários casos em que o perdão do pecado era realizado através de confissão. Um caso de confissão pública:
“Aquele que se tornar culpado de uma destas três coisas (recusa de testemunho, contatos impuros, juramentos levianos), confessará o pecado cometido, e o sacerdote fará por ele o rito de expiação” (Lv 5,5s).
Em outros casos a confissão era feita diretamente ao sacerdote, como em Lv 5,23-25:
“Se alguém pecar recusando devolver ao próximo algo extorquido ou roubado… deverá restituir o valor ao proprietário respectivo. Depois levará ao Senhor, como sacrifício de reparação, um carneiro, sem defeito, do seu rebanho; será avaliado segundo o valor estabelecido pelo sacerdote para um sacrifício de reparação”.
Isto prevê que o sacerdote pondere a gravidade do pecado e aplique o tipo de reparação (penitência) necessária, o que supõe, logicamente, a confissão feita ao sacerdote. O mesmo pode se ver em Nm 5,5-7.
Vemos então que a Confissão com o sacerdote não é algo inventado pela Igreja.
Deus quis e quer, distribuir a graça aos homens mediante ministros e sinais sensíveis, pois somos por natureza sociais e dependentes das coisas visíveis; a via normal para a nossa santificação é a via dos sacramentos.
Santo Agostinho usava uma comparação para explicar isso: Cristo ressuscitou a Lázaro, mas quis que os discípulos o desatassem de suas faixas e o restituíssem a liberdade (cf. Jo 11, 14); assim, é o Senhor quem perdoa os pecados; para fazê-lo, porém, não dispensa o trabalho de seus ministros (In os. 101 enarr. 2,3; serm. 195, 2).
Cristo perdoa os pecados e os seus discípulos tiram as faixas que impedem a movimentação do pecador.
Executando a ordem do Senhor, a Igreja desde a geração apostólica exerceu “o poder das chaves”.
Os Bispos e os presbíteros têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados” em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Sabemos já que o perdão dos pecados reconcilia com Deus, mas também com a Igreja.
Quando o sacerdote celebra o sacramento da Penitência, realiza o ministério do Bom Pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Ele é o sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com cada pecador, individualmente.
A Igreja ensina que o confessor deve unir-se à intenção e à caridade de Cristo; ter respeito e delicadeza diante daquele que caiu; deve amar a verdade, ser fiel ao Magistério da Igreja e conduzir, com paciência, o penitente à cura e à plena maturidade. Deve orar e fazer penitência por ele, confiando-o à misericórdia do Senhor. (§ CIC 1466)
O sacerdote também não pode fazer uso do conhecimento da vida dos penitentes adquirido pela Confissão. Este segredo, que não admite exceções, chama-se “sigilo sacramental”. (Texto do Prof. Felipe Aquino)
Como se preparar para a confissão
1. Orações para infundir na alma o arrependimento necessário para a confissão
– Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, Amém.
a. Vinde, Espírito Santo
– Vinde, Esp írito Santo, e enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai, Senhor o vosso Espírito, e tudo será Criado, e renovareis a face da terra.
Ó Deus, que instruistes os vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, e gozemos sempre da sua consolação, por Cristo, Senhor nosso, Amém.
b. Pai Nosso, Ave Maria e Glória
– Pai nosso, que estais no c éu, santificado seja o Vosso Nome; venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém.
– Ave, Maria, Cheia de Graça! O Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus! Santa Maria, mãe de Deus, roga por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte, Amém.
– Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre, Amém.
– Ó, meu Jesus, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem!
c. Salmo 50 – chamado “Miserere”
(que quer dizer “tem piedade”, que é a primeira palavra do Salmo).
1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.
2.Quando o profeta Natã foi encontrá-lo, após o pecado com Betsabé
3.Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a vossa bondade, e conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniqüidade.
4.Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me do meu pecado.
5.Eu reconheço a minha iniqüidade, diante de vós está sempre o meu pecado.
6.Só contra vós pequei, o que é mau fiz diante de vós. Vossa sentença assim se manifesta justa, e reto o vosso julgamento.
7.Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado.
8.Não obstante, amas a sinceridade de coração; infunde-me, pois, a sabedoria no mais íntimo de mim.
9.Aspergi-me com um ramo e ficarei puro; lavai-me e me tornarei mais branco do que a neve.
10.Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria, para que exultem os ossos que triturastes.
11.Dos meus pecados desviai os olhos, e minhas culpas todas apagai.
12.Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza.
13.De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso Santo Espírito.
14.Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa.
15.Então, aos maus ensinarei vossos caminhos, e voltarão a vós os pecadores.
16.Deus, ó Deus, livrai-me da pena deste sangue derramado; E a vossa misericórdia a minha língua exaltará.
17.Senhor, abri meus lábios, a fim de que minha boca anuncie os vossos louvores.
18.Vós não vos aplacais com sacrifícios rituais; e se eu vos oferecesse um sacrifício vós não aceitaríeis;
19.Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito; um coração arrependido e humilhado, ó Deus, não haveis de desprezar.
20.Senhor, pela vossa bondade, tratai Sião com benevolência, reconstruí os muros de Jerusalém!
21.Então aceitareis os sacrifícios prescritos, as oferendas e os holocaustos; então, sobre o vosso altar vítima vos serão oferecidas.