Economizar, fazer amigos e contribuir com o meio ambiente. Basta trocar o carro por uma carona e será possível reunir essas três ações em uma só. O site Carona Solidária, no ar desde 2009, possibilita o encontro de pessoas que desejam realizar o mesmo trajeto e as faz dividir um mesmo carro. Uma medida simples, “mas ainda pouco explorada no Brasil”, que reduz até 75% das despesas de viagem, além de reduzir a emissão do gás poluente CO2, explica Carlos Bitencourt, responsável pelo setor de negócios e publicidade do site.

Para os idealizadores do site Carona Solidária, cuja proposta surgiu no Centro Universitário Eurípedes de Marília (Univem), no estado de São Paulo, a transformação da situação do trânsito passa por uma mudança de comportamento dos cidadãos. Só na região metropolitana da capital paulista são 8,5 milhões de carros, 500 veículos novos nas ruas por dia, média de 200 km de congestionamento e 32,5 milhões de toneladas de CO2 por ano. Tais dados ilustram uma realidade compartilhada por muitas cidades.

Aos poucos, o Carona Solidária vem contribuindo para mudar esse quadro. Carlos aposta na ampla divulgação do site para que a proposta seja massificada. Atualmente, são, em média, duas mil caronas por dia. O projeto funciona de forma gratuita para todo o Brasil e para “pedir ou ofertar” uma carona é só se cadastrar online. “Já tivemos trajetos até mesmo do Rio Grande do Sul ao Nordeste, além das inúmeras rotas nas cidades”, afirma. Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo, na capital e no interior são as localidades com mais participantes.

A ideia de dividir o espaço de um carro para até cinco pessoas já existe há certo tempo no mundo, como uma das soluções para os problemas do trânsito, assim como o rodízio de carros e cobrança de pedágios. O site, no entanto, permitiu o encontro de pessoas que, mesmo morando próximas, teriam dificuldades de se notarem. Nesse sentido, a socialização tem se mostrado como um dos pilares do projeto.

De acordo com Carlos Bitencourt, a participação de empresas tem contribuído para a disseminação da proposta. Através do cadastramento de funcionários, eles podem identificar colegas de trabalho que podem dividir os custos do transporte diário. “A adesão à carona entre funcionários de uma mesma empresa oferece uma maior segurança aos usuários”, avalia.

As empresas que aderem ao projeto recebem um selo do Carona Solidária. “O selo é utilizado pelas corporações como forma divulgar as ações de marketing verde promovidas por elas”, explica. Além disso, elas recebem um relatório do site que declara a contribuição da empresa para a redução de CO2, o que permite abatimento em impostos.

A ideia também tem recebido contatos de Prefeituras, interessadas em disponibilizar o serviço em suas páginas oficiais. Assim aconteceu com o município de Botucatu, no interior de São Paulo, que já divulga o portal para os moradores da cidade. Para a adesão de governos, basta divulgar o link e possibilitar que mais pessoas participem. “Quanto mais participantes, mais caronas disponíveis”, afirma Carlos.

Para minimizar o receio dos “caroneiros” com relação à segurança, o site tem desenvolvido algumas estratégias. “Pedimos informações sobre perfis em redes sociais, através deles é possível identificar amigos em comum e pedir referências”, explica Carlos. Os participantes podem também avaliar, pelo site, a carona após o trajeto, deixando referências para os outros usuários.