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“Não cristãos, nunca cristãos de etiqueta! Cristãos de verdade, de coração”, refletiu o Papa no Angelus

No Angelus do domingo, 25, Papa Francisco refletiu sobre a salvação, tema proposto pelo Evangelho do dia. O Santo Padre enfatizou que não se deve ter medo de atravessar a porta da fé em Jesus, pois Ele ilumina a vida do homem com uma luz que não se apaga nunca. Referindo-se

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 à figura da “porta estreita”, aquela que leva à salvação, Francisco explicou que ela aparece várias vezes no Evangelho e remete à casa, ao lar, onde se encontra segurança e amor. E esta porta de salvação é o próprio Cristo.

“Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta que é Jesus não está nunca fechada, esta porta não está nunca fechada, está aberta sempre e a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios”, disse. O Santo Padre falou ainda das várias portas existentes hoje que prometem uma felicidade, mas trata-se de algo passageiro. Ao contrário, a porta da fé em Jesus é o caminho a seguir sem medo. Ele explicou que esta porta de Jesus é estreita, pois requer a abertura do coração a Cristo. “Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida”.

Leia na íntegra a homilia: (Atualizado em 4/09/13)

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje convida-nos a meditar sobre o tema da salvação. Jesus sobe da Galileia rumo à cidade de Jerusalém e, ao longo do caminho, alguém — narra o evangelista Lucas — aproxima-se dele e pergunta-lhe: «Senhor, são poucos os homens que se salvam?» (13, 23). Jesus não responde de maneira directa à pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mas é importante saber sobretudo qual é o caminho da salvação. Eis, então, que a esta pergunta Jesus responde dizendo: «Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não conseguirão» (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E porque Jesus fala de uma porta estreita?

A imagem da porta volta várias vezes no Evangelho e evoca a porta da casa, do lar, onde encontramos segurança, amor e calor. Jesus diz-nos que existe uma porta que nos faz entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus (cf. Jo 10, 9). Ele é a porta. É a passagem para a salvação. É Ele que nos conduz ao Pai. E a porta que é Jesus nunca está fechada; esta porta nunca está fechada, mas permanece aberta sempre, e para todos, sem distinções, sem exclusões nem privilégios. Porque, sabeis, Jesus não exclui ninguém. Alguém dentre vós talvez me possa dizer: «Mas Padre, eu certamente estou excluído, porque sou um grande pecador: fiz muitas coisas feias na vida». Não, não estás excluído! Precisamente por isso tu és o preferido, porque Jesus prefere sempre o pecador, para o perdoar, para o amar. Jesus está à tua espera para te abraçar, para te perdoar: Ele está à sua espera. Coragem, anima-te para entrares pela sua porta. Todos estão convidados a passar por esta porta, a cruzar a porta da fé, a entrar na sua vida e a fazê-lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, renove e infunda a alegria plena e duradoura.

Nos dias de hoje passamos diante de muitas portas que convidam a entrar, prometendo uma felicidade que depois observamos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem futuro. Mas eu pergunto-vos: por qual porta queremos entrar? E quem desejamos fazer entrar pela porta da nossa vida? Gostaria de dizer vigorosamente: não tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixar que Ele entre cada vez mais na nossa vida, de sair dos nossos egoísmos, dos nossos limites e das nossas indiferenças em relação ao próximo. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que jamais se apaga. Não é um fogo de artifício, nem um flash! Não, é uma luz suave, que dura sempre e nos dá a paz. Esta é a luz que encontraremos, se entrarmos pela porta de Jesus.

Sem dúvida, a porta de Jesus é estreita, mas não porque é uma sala de tortura. Não, não por isso! Mas porque nos pede para abrir o nosso coração a Ele, que nos reconheçamos pecadores, necessitados da sua salvação, do seu perdão, do seu amor, que tenhamos a humildade de acolher a sua misericórdia e de nos deixarmos renovar por Ele. No Evangelho, Jesus diz-nos que ser cristão não é ter uma «etiqueta»! Pergunto-vos: vós sois cristãos de etiqueta, ou de verdade? E cada um responda dentro de si! Não cristãos, nunca cristãos de etiqueta! Cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, na promoção da justiça e na realização do bem. toda a nossa vida deve passar pela porta estreita, que é Cristo.

À Virgem Maria, Porta do Céu, peçamos que nos ajude a cruzar a porta da fé, a deixar que o seu Filho transforme a nossa existência, como transformou a sua, para anunciar a todos a alegria do Evangelho.

Fiéis andam descalços sobre brasas na festa de São João em Charqueada

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Antes da passagem dos devotos, fogueira é espalhada por fiel em Charqueada (Foto: Araripe Castilho/G1)

G1 | O ponto alto da festa de São João em Charqueada (SP) é o momento em que fiéis correm descalços sobre as brasas da fogueira. A passagem ocorre sempre no final do evento, exatamente à 0h, após o último dia de celebração ao santo católico. A festa neste ano foi realizada entre sexta-feira (21) e este domingo (23), no bairro Córrego da Onça.

Dezenas de pessoas realizam a tradição. O torneiro mecânico Daniel Assarice, de 28 anos, é uma delas e diz que anda sobre as brasas desde quando era uma criança de 9 anos de idade.

Ele afirma que, em todo esse período, só se machucou uma vez e não foi por causa das chamas. “Eu pisei em uma latinha de cerveja que alguém jogou na fogueira. Fez bolha, mas logo sarou”, disse o jovem que nasceu e cresceu no bairro Córrego da Onça.

Jovem corre sobre brasas de fogueira de São João em Charqueada (Foto: Araripe Castilho/G1)
Jovem corre sobre brasas de fogueira de São João em Charqueada (Foto: Araripe Castilho/G1)

‘É a fé’

Para Assarice, o ato de caminhar sobre as brasas é uma demonstração de devoção. “É a fé que a gente tem em São João. O ritual serve para eu mostrar que acredito na vida e agradecer por mais um ano”, afirmou o torneiro mecânico.

Lucas Toniollo, de 15 anos, fez o ritual pela primeira vez na madrugada desta segunda-feira (24). Ele também disse que a crença religiosa foi a motivação para tentar a travessia, além do incentivo do amigo Vitor Amorim, de 17 anos, que caminhou sobre o carvão ardente pela segunda vez neste ano.

“Dizem que quando se tem fé, a gente passa pela fogueira e não se queima. Eu não me queimei e ano que vem vou andar outra vez na brasa”, disse Toniollo. Se depender dos jovens, a tradição deve se manter, apesar de o número de pessoas que fazem o ritual ser cada vez menor. “Eu tinha um pouco de medo antes de passar pela primeira vez, mas agora não tenho mais. Quero passar sempre agora”, afirmou Amorim.

A comemoração junina de Charqueada acontece há cerca de 80 anos de tradição e atualmente costuma reunir pessoas não só da cidade, mas de toda região. Uma das comidas tradicionais do evento é o chamado “frango atropelado”, de acordo com informações da organização.

O Espírito do Senhor está sobre mim – Evangelho do Dia

Evangelho – Lc 4,16-21

O Espírito do Senhor está sobre mim.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 4,16-21

Naquele tempo:
16Jesus veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado.
Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado,
e levantou-se para fazer a leitura.
17Deram-lhe o livro do profeta Isaías.
Abrindo o livro,
Jesus achou a passagem em que está escrito:
18″O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me consagrou com a unção
para anunciar a Boa Nova aos pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos cativos
e aos cegos a recuperação da vista;
para libertar os oprimidos
19e para proclamar um ano da graça do Senhor.”
20Depois fechou o livro,
entregou-o ao ajudante, e sentou-se.
Todos os que estavam na sinagoga
tinham os olhos fixos nele.
21Então começou a dizer-lhes:
“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura
que acabastes de ouvir.”
Palavra da Salvação.

Imagens que vão ficar na em nossa memória

Durante o ano que passou algumas imagens circularam o mundo por mostrar a grandiosidade e a simplicidade de Deus. Quem não lembra da pomba sobre o caixão de Dom Eugênio, arcebispo do Rio falecido ano passado. Quem não se lembra da imagem de Nossa Senhora intacta após a passagem do furacão Sandy pelos EUA e depois de um devastador incêndio? Essas e outras imagens vão ficar em nossa memória.

Vamos relembrar então:

Imagem de Nossa Senhora intacta após o furacão Sandy nos EUA.
Imagem de Nossa Senhora intacta após o furacão Sandy nos EUA.
Imagem do G1 da pomba que permaneceu sobre o caixão de Dom Eugênio Sales
Imagem do G1 da pomba que permaneceu sobre o caixão de Dom Eugênio Sales

 

 

“Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Evangelho do Dia – Lc 20,27-40)

 

 

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 20,27-40

Naquele tempo:
27Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus,
que negam a ressurreição,
28e lhe perguntaram:
“Mestre, Moisés deixou-nos escrito:
se alguém tiver um irmão casado
e este morrer sem filhos,
deve casar-se com a viúva
a fim de garantir a descendência para o seu irmão.
29Ora, havia sete irmãos.
O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos.
30Também o segundo
31e o terceiro se casaram com a viúva.
E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos.
32Por fim, morreu também a mulher.
33Na ressurreição, ela será esposa de quem?
Todos os sete estiveram casados com ela.”
34Jesus respondeu aos saduceus:
“Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se,
35mas os que forem julgados dignos
da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura,
nem eles se casam nem elas se dão em casamento;
36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos,
serão filhos de Deus, porque ressuscitaram.
37Que os mortos ressuscitam,
Moisés também o indicou na passagem da sarça,
quando chama o Senhor “o Deus de Abraão,
o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”.
38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos,
pois todos vivem para ele.”
39Alguns doutores da Lei disseram a Jesus:
“Mestre, tu falaste muito bem.”
40E ninguém mais tinha coragem
de perguntar coisa alguma a Jesus.
Palavra da Salvação. 

Reflexão – Lc 20, 27-40

Como todos nós vivemos num mundo marcado pelo materialismo, cada vez mais somos tentados a fazer da matéria a causa da nossa felicidade e nos fecharmos nessa realidade para analisar todas as coisas e, com isso, não somos capazes de ver outros caminhos para a felicidade ou até mesmo outras condições de vida que Deus pode nos conceder para o nosso bem, como é o caso da vida eterna. O erro que os saduceus cometeram e que aparece no evangelho de hoje é esse: se tornaram tão materialistas que ficaram incapazes de abrir o próprio coração para a proposta da vida plena que nos é feita pelo próprio Deus.

A celebridade é frágil

Pode parecer um despropósito a abordagem conjunta sobre celebridade e doença. Particularmente quando se pensa na pessoa célebre como alguém com potência de força, seja física, esportiva, artística ou política – condição contrária à fragilidade do doente. No entanto, a condição humana pode hospedar, num tempo ou noutro, cedo ou tarde, força e fraqueza. O apóstolo Paulo, na primeira carta que escreveu aos Coríntios (capítulo sétimo), adverte: “Os que choram vivam como se não chorassem, e os que estão alegres como se não estivessem alegres; os que fazem compras como se não estivessem adquirindo coisa alguma, e os que tiram proveito do mundo como se não aproveitassem. Pois a figura deste mundo passa”. Essa advertência paulina projeta luzes sobre a realidade da espécie humana, tanto na força quanto na fraqueza. Ninguém é poderoso sempre, possui tudo sempre, tem força física sempre. E mais, ninguém está imune ao sofrimento e à dor, seja na própria vida, na família ou nas instituições que frequenta. Nem os amigos estão imunes. Essa verdade, que constantemente deve ser considerada, devolve cada um à realidade da sua condição de ser humano. Pela força da sabedoria, demove do orgulho e da soberba, além de corrigir o coração e a inteligência de toda indiferença causadora da falta de solidariedade, que impede a igualdade e perpetua as discriminações.

A consideração da fraqueza que se hospeda no ser humano, seja no enfermo, no pobre, no outro que pode menos, tem sido ofuscada, ilusoriamente, pela apelação das disputas e apegos pelo poder. Não menos, e de modo imoral, seduzindo multidões e tirando, como caça-níqueis, o seu dinheiro, por meio de espetáculos questionáveis, como é o caso do Big Brother. Na verdade, sob o apanágio do poder e dos momentos de celebridade, mesmo com a exposição do próprio corpo, da privacidade e dos desejos escondidos de ter e poder mais, o que se oferece em tal espetáculo é digno de lástima. Assiste-se a um show que mostra a fragilidade humana, a falta de valores e do sentido de dignidade e respeito. Voltar o olhar para quem precisa, especialmente, o doente contracenando com a condição de celebridade, é um exercício educativo, oportuno na vida de qualquer um. Seja para os jovens de modo a não viverem na ilusão e chegarem despreparados ao lugar e à condição que todos chegam, ou os adultos, no auge da ascensão e conquistas, para que o orgulho e a soberba não os derrubem, com celeridade inusitada, dos postos e funções de um momento glorioso e passageiro.

Não por acaso havia o costume de, no momento glorioso das entronizações reais, entre louros, coroas e ovações, apresentar a lápide da celebridade com a inscrição, “Aqui jaz”. Isso para indicar o lugar de sua sepultura e sua condição final, que não será definitiva – em termos de condenação – para aqueles que praticam o bem, são misericordiosos, humildes e depositam a confiança em Deus.

A propósito, o Papa Bento 16 cita, em bela mensagem para o Dia Mundial do Doente, em 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes, o que disse o apóstolo Pedro (1ª Carta 2,24): “Pelas suas chagas fostes curados”. Isso, para reavivar na memória de todos que o Filho de Deus sofreu, morreu, mas ressuscitou. Suas chagas são o sinal da redenção, do perdão e da reconciliação, uma prova para a fé de todos os discípulos. O Papa dirige-se aos doentes e sofredores relembrando que “é justamente através das chagas de Cristo que podemos ver, com olhos de esperança, todos os males que afligem a humanidade. Ressuscitando, o Senhor não tirou o sofrimento e o mal do mundo, mas os extirpou pela raiz. À prepotência do mal opôs a onipotência do seu amor”.

Nesta semana que antecede o Dia Mundial do Doente vale acolher o convite para olhar os enfermos no hospital, em casa, nos asilos, casas de repouso ou nas clínicas e abrigos. Que crianças, jovens, adultos e velhos, com reverência traduzida em gestos de solidariedade, ofertas e presença consoladora, sejam um apelo para que haja mais investimentos em saúde, com boas estruturas médicas para todos, em especial os mais pobres e sofredores. Vale lembrar as palavras de Cristo para o juízo final, ao falar da garantia para a participação no Reino de Deus: “Estive doente e me visitastes”.

Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

Artigo publicado no site da CNBB