Sagrada Escritura:
Leituras do Dia
Primeira: At 12,1-11
Salmo 33
Segunda: 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho: Mt 16, 13-19
Nexo entre as leituras
A liturgia comemora São Pedro e São Paulo, os dois grandes Apóstolos da primeira comunidade cristã, como mestres e confesores da fé. «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo», proclama Pedro em nome dos demais discípulos, diante da pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Esta mesma confissão de fé leva Herodes Agripa a perseguir e encarcerar Pedro para dar satisfação aos escribas e fariseus (primeira leitura). Por sua parte, já no fim da vida, Paulo abre a alma para Timóteo nesta bela e significativa frase: «Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé»; e, alguns versículos mais adiante, «O Senhor esteve do meu lado e me deu forças, Ele fez que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações».
A festa de hoje é por antonomásia a festa da fé: fé pessoal de Pedro e de Paulo em Jesus; fé proclamada e ensinada por ambos, ao longo de trinta anos, até a morte; fé confessada e testemunhada, dia após dia, entre perseguições e consolos, até o derramamento do seu sangue no martírio.
Mensagem Doutrinal
1. Fé pessoal. Em Pedro ela é, talvez, um processo contínuo, desde o primeiro encontro com Cristo, à beira-mar da Galiléia, até o grito entusiasta de «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo», e o humilde reconhecimento: «Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo». No caso de Paulo, mais do que um processo, é uma irrupção, fulgurante, no caminho de Damasco. Essa fé em Jesus Cristo, que o encadeia com ataduras de liberdade, irá se aprofundando com os anos, e em suas cartas ele irá nos deixando pegadas dela: «Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro», «vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim». Nessa fé pessoal, incomovível, mais forte do que a morte, ambos fundam o seu ensinamento, seu testemunho e sua missão.
2. Mestre da fé. A primeira parte dos Atos dos Apóstolos mostra Pedro, sumamente ativo, pregando o kerigma cristão a judeus de Jerusalém e arredores e a pagãos, como é o caso da família de Cornélio. Proclama com vigor e sinceridade o que crê, e ensina o que viu, escutou e recebeu de seu Mestre e Senhor. Não tem nada próprio a dizer, só o mistério de Cristo que lhe é imposto com a força da evidência e da fé. Paulo tampouco tem nada próprio que dizer, mas só o que recebeu, como dirá aos coríntios. E quando, em algum caso, adiciona algo que não recebeu, ressalta que o faz segundo o Espírito de Cristo, que o possui e impulsiona a falar com autoridade.
3. Testemunhas da fé. As palavras, inclusive as mais sublimes, não serão acolhidas se forem somente palavras e não vida. A exemplo de Jesus, que deu a vida por todos em coerência com a sua pregação e doutrina, Pedro e Paulo culminarão o testemunho de vida cristã morrendo pela fé em que creram, que pregaram e que confessaram por toda a região mediterrânea. O martírio chega a ser, deste modo, o selo da autenticidade da sua fé, a prova segura, para nós, da verdade que eles nos comunicaram e da qual são igualmente colunas inquebrantáveis e perenes.
Sugestões Pastorais
1. Creio… cremos. Como pastores, temos que transmitir a fé da Igreja tal como formulada no Catecismo da Igreja Católica. Para transmiti-la com integridade e convicção, temos de fazer nossa toda a fé da Igreja. Fazê-la nossa com a inteligência, lendo, estudando, meditando as belas e doutrinalmente ricas páginas do catecismo. Fazê-la nossa com o coração, amando de verdade o corpo doutrinal, orgânico, completo, coerente, rejuvenecido e rejuvenecedor da Igreja Católica. Fazê-la nossa com a vida, para não sermos nem aparecermos como pregadores vazios, e sim como testemunhas da verdade eterna, que vem de Deus e que leva a Deus. Equipados com essa fé eclesial, tornada pessoal pela meditação, pelo amor e pelo testemunho, convidaremos nossos fiéis a crer individual e comunitariamente no que a Igreja nos ensina, a amar aquilo em que crêem e a testemunhar em seu mundo familiar e profissional aquilo que amam. E não teremos medo de proclamar, com humildade e com firmeza, as verdades «difíceis», porque o próprio Espírito que nos anima a proclamá-las trabalha eficazmente nos fiéis para que as aco-lham e as vivam.
2. Fiéis ao Magisterio. A Igreja é um corpo vivo, que se constrói com pedras vivas. Todos colaboramos na construção, mas sob a guia e supervisão dos que são sucessores de Pedro (o Papa) e dos demais Apóstolos (os bispos). Como partícipes do sacerdócio de Cristo e colaboradores dos bispos, os presbíteros e diáconos são moralmente obrigados a escutar a voz do Santo Padre, da Conferência Episcopal, do bispo diocesano; a conhecer, estudar, difundir e, se necessário, defender os seus ensinamentos, que são as orientações que eles nos oferecem a serviço da nossa fé e do nosso comportamento moral. Falemos sempre bem, para os nossos fiéis, do Santo Padre, dos bispos; criemos em torno deles um ambiente de respeito, de acolhimento, de disponibilidade, de sincero afeto filial. São homens como nós, mas são, sobretudo, os mestres da nossa fé, os confessores e testemunhas da verdade revelada por Deus em Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo.
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