Na semana de beatificação de irmã Dulce (1914-1992), que aconterá no domingo, as unidades de saúde criadas pela religiosa em Salvador enfrentam atraso no repasse de recursos pela prefeitura da capital baiana. A dívida chega a R$ 8,5 milhões.

Fachada de hospital mantido pelas Obras Sociais Irmã Dulce
As Osid (Obras Sociais Irmã Dulce) têm origem em 1949, quando irmã Dulce abrigou 70 doentes em um galinheiro de um convento. Hoje incluem um complexo hospitalar que realiza cerca de 100 mil procedimentos por mês, entre consultas, exames e cirurgias. Criadora das Osid, irmã Dulce será beatificada em cerimônia neste domingo (22) em Salvador. A beatificação é uma das etapas do processo de canonização da religiosa, iniciado em 2000. O próximo passo, caso o Vaticano reconheça um segundo milagre da religiosa, é canonizá-la. Então ela passará a ser considerada santa pela Igreja Católica.
Em convênio com a prefeitura, a instituição criada pela religiosa também administra dois postos municipais de saúde da capital baiana, responsáveis pelo atendimento de 33 mil pessoas por mês, o que equivale a 22% do atendimento das unidades de saúde da cidade.
Segundo as Osid, a Prefeitura de Salvador está “retendo sistematicamente” recursos que deveriam ser repassados automaticamente à instituição pelo Ministério da Saúde. O contrato prevê repasse mensal de R$ 6,7 milhões como contrapartida aos atendimentos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) nos 14 núcleos de saúde do chamado Complexo Roma, em Salvador.
“A gente se vê obrigado a tomar dinheiro emprestado nos bancos, e não recuperaremos esses recursos nunca por causa dos juros”, afirmou ao iG o superintendente adjunto das Osid, José Eduardo Acedo.
De acordo com Acedo, o repasse do Ministério da Saúde referente a março, que deveria ter sido pago em abril, só foi encaminhado na semana passada, e com um corte de R$ 1,1 milhão. O pagamento de março pela administração de um dos postos de saúde, no valor de R$ 619 mil, também está atrasado, disse. Somados à parcela federal de abril, os valores em atraso chegam a R$ 8,5 milhões.
Matéria de Thiago Guimarães publicada no Portal IG