Padre Manzotti: “Eu estou cantor, estou apresentador, estou escritor. Mas sou padre”

JVA | Débora Anício – O Padre Reginaldo Manzotti concedeu entrevista a jornalista Débora Anício, do Jornal Vale do Aço, de Ipatinga. Manzotti esteve na cidade, ontem (29), por ocasião da festa do trabalhador realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos da região. Peguei alguns tópicos da entrevista que pode ser acessado na íntegra no link acima.

JVA – Qual das tarefas o senhor gosta mais?
Pe. Manzotti – Ser padre. Rezar missa é a melhor parte do dia, é o que mais gosto de fazer. Essa é minha identidade. Eu estou cantor, estou apresentador, estou escritor. Mas sou padre.

JVA – Como o senhor recebeu a notícia de que teríamos um papa argentino? 
Pe. Manzotti – Fiquei feliz por ser um papa latino-americano, o que veio trazer um rosto diferente para o mundo europeu. Existe uma diferença muito grande entre as culturas europeias e latinas. As formas de se postar, querer e expressar são diferentes. Não sei o que Francisco irá trazer para a Igreja, mas ele já dá sinais de renovação e humildade. Apesar disso não acredito que haja grandes reformas.

JVA – Quais são os maiores desafios da Igreja Católica hoje?
Pe. Manzotti – Fazer a Jornada Mundial da Juventude (evento católico que acontece no Rio em julho) dar frutos, fazer com que os jovens permaneçam na Igreja. Atrair a juventude é uma coisa, fazer com que eles fiquem é outra. Também acredito que outro desafio seja investir mais na formação de novos padres, capacitá-los para que possam responder às necessidades do mundo atual, curar a ferida da Igreja causada por assuntos de pedofilia nos ultimos anos. É preciso trazer pessoas mais resolvidas para a Igreja, investir na questão afetiva, humana e intelectual. Antes as pessoas perguntavam o que é pecado, hoje elas perguntam por que é pecado. É preciso ter padres cultos e preparados para essas questões.

JVA – A que o senhor atribui a violência crescente no Brasil, que chega a ser banalizada muitas vezes?
Pe. Manzotti – Isso é um sinal da banalização do valor da vida. Quando as pessoas começam a brincar de Deus, decidir quem nasce e quem morre,  optar por não ter o filho e decidir pela eutanásia, elas percebem que a vida não é tão importante. A violência é um problema social muito sério que começa na família. É preciso haver uma reestruturação social.

JVA – O senhor é a favor da redução da maioridade penal?
Pe. Manzotti – Não. A Igreja é contra, pois não é trazendo a criminalização para uma data mais baixa que a violência vai acabar.  Os jovens repetem o que veem dos adultos, o que veem em casa. É preciso investir na família e na educação. Falta corpo docente no Brasil, e isso gera pessoas ignorantes, violentas e desestruturadas.

JVA – Mesmo com tantas informações sobre os danos causados pelas drogas é cada vez mais crescente o número de jovens que entra neste mundo. O que a Igreja faz para erradicar este problema? 
Pe. Manzotti – Eu parto da questão do equilíbrio familiar, do nível dos relacionamentos. Não quero ser moralista, mas filhos de pais separados, de pais que se batem e crianças criadas por terceiros não recebem o carinho devido no berço. Está faltando substrato, liderança. A Igreja Católica pode oferecer modelos bons. A Jornada Mundial da Juventude tem grande mérito de mostrar modelos positivos para os jovens.

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