Entre Francisco e Leão XIV: o legado que permanece e os novos caminhos da Igreja

A Igreja Católica vive mais um momento histórico de transição. Com o falecimento do Papa Francisco, encerramos uma era marcada por profunda sensibilidade pastoral, atenção aos pobres, diálogo inter-religioso e uma reforma do coração, mais do que da estrutura. Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa jesuíta e latino-americano, deixou um legado de simplicidade evangélica, proximidade com as dores do mundo e corajosa abertura às realidades do tempo presente.

Francisco foi, para muitos, o rosto da misericórdia. Sua insistência em uma Igreja “em saída”, comprometida com os marginalizados e com a Casa Comum, fez ecoar os ensinamentos do Concílio Vaticano II com nova força. Encíclicas como Laudato Si’ e Fratelli Tutti tornam-se documentos centrais para o século XXI, unindo fé, ecologia, justiça social e fraternidade universal.

E agora, com a eleição do Papa Leão XIV — nome escolhido pelo cardeal Robert Francis Prevost, primeiro norte-americano a assumir o trono de Pedro e membro da Ordem de Santo Agostinho —, o mundo católico observa com esperança e atenção os próximos passos da Igreja.

Leão XIV assume com o peso simbólico de muitas “primeiras vezes”: primeiro papa estadunidense, primeiro agostiniano desde Adriano VI, e sucessor direto de um pontífice que redefiniu o perfil pastoral do papado. Sua formação agostiniana promete continuidade no diálogo entre fé e razão, no chamado à interioridade, e no zelo pelo bem comum. Sua origem nos Estados Unidos o coloca diante de um desafio e uma oportunidade: conciliar a universalidade da Igreja com a realidade de um mundo profundamente polarizado.

O novo pontífice já sinalizou, em suas primeiras falas, o desejo de honrar e dar continuidade ao espírito reformador de Francisco. O diálogo ecumênico e inter-religioso permanece como pilar, assim como a atenção às mudanças climáticas, à migração forçada e à dignidade humana em tempos de exclusão e violência.

O tempo dirá como Leão XIV imprimirá sua marca pessoal no governo da Igreja. Mas o que já se percebe é um desejo de comunhão: com o povo de Deus, com os bispos e com os desafios contemporâneos. Como bem disse Santo Agostinho, “com vós sou cristão, para vós sou bispo”. Que essa máxima possa nortear o novo sucessor de Pedro, entre o peso da tradição e a leveza do Espírito que renova todas as coisas.

Francisco nos ensinou a caminhar com ternura. Leão XIV parece disposto a continuar a jornada — com firmeza, escuta e fé.

Por Marquione Ban

Um comentário em “Entre Francisco e Leão XIV: o legado que permanece e os novos caminhos da Igreja

  1. Já gostei muito dos primeiros “sinais” que o Leão XIV nos passa em suas primeiras falas. Penso que ele fará um pontificado melhor que o de Francisco.

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