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Chalita fala sobre o ex-padre Beto, casamento gay e aborto

Disponibilizamos abaixo trecho da entrevista com Gabriel Chalita escolhido pelo site Ecclesia Una. Chalita foi candidato pelo PMDB à prefeitura de São Paulo, já teve programa na TV Canção Nova e já foi Secretario da Educação em São Paulo. Ele atualmente está envolvido em um escândalo de corrupção. Em entrevista concedida a Folha de São Paulo, Chalita falou sobre o escândalo e também sobre alguns pontos a respeito da fé. Chalita é católico. Veja algumas perguntas feitas pelo jornalista Fernando Rodrigues (Em negrito as perguntas do Jornalista e as respostas de Chalita, em caracteres normais.*)

Gabriel Chalita concede entrevista ao programa "Poder e Política". Foto: Sergio Lima/Folhapress

Gabriel Chalita concede entrevista ao programa “Poder e Política”. Foto: Sergio Lima/Folhapress

O sr. é católico?

Eu sou católico. Sou um católico praticante, não escondo isso. Tenho muito respeito pelas outras religiões. Na campanha, eu fui convidado por pastores, por exemplo, para discutir política com líderes evangélicos. Eu acho que isso está correto. Um padre te convidar para um debate com candidatos… O cardeal [dom Odilo Scherer] fez isso em São Paulo. Convidou os candidatos para debaterem com padres. Aí está correto. Agora, você ir num culto religioso, numa missa, num culto, num elemento e transformar aquilo em um ato político, eu acho absolutamente incorreto.

Agora, a Igreja querer ouvir propostas, faz parte. Como ir numa faculdade. Se eu sou convidado para ir numa faculdade para dar uma palestra de direito penal, eu vou falar de direito penal. Se me convidarem e convidarem outros candidatos para debater [sobre] a cidade, eu vou para debater [sobre] a cidade.

E os temas que são relevantes para líderes religiosos e que, muitas vezes, são transplantados para o debate político? Temas como aborto, casamento gay, descriminalização do uso de drogas, entre outros, que têm sido usados por vários candidatos nas campanhas. Essas discussões são próprias para as campanhas políticas?

Eu acho que elas diminuem o debate político. São ruins para o debate político. É claro que as pessoas saberem o que os candidatos pensam faz parte do processo. Agora, você transformar uma eleição presidencial em um debate sobre aborto…? Primeiro que é assim: não é o presidente que define se terá aborto ou não. Quem define é o Congresso. Eu sou contra o aborto, já disse isso várias vezes, por razões as quais eu já expliquei. Mas, às vezes, você tem um reducionismo disso.

Sobre flexibilizar ou ampliar a lei do aborto atual. O sr. é a favor ou contra?

Eu sou contra. Eu acho que a lei…

Tem que ficar como está? Uma mulher não deve ser autorizada a fazer um aborto até a 12ª semana de gravidez?

Não deveria ser permitido por uma questão que, para mim, é constitucional, que é o amplo direito à vida. Ali tem vida. Onde tem vida, você tem que proteger o direito à vida.

Mas no caso do estupro, pode?

O caso do estupro pode. Ela não é obrigada a fazer. É uma decisão dela. Você tem uma diminuição disso porque aquilo foi praticado por meio de um crime.

Mas aí, então, pela mesma concepção, vai se tirar uma vida do mesmo jeito…

É. Pela mesma concepção, você pode matar alguém como legítima defesa. Você também está tirando uma vida, mas você tem uma previsão legal que te garanta que faça isso, porque você seria morto, então, para não ser morto, você tem o direito de defender a sua vida.

Mas, nesse caso, não há uma vida em risco.

Você está defendendo uma vida da mulher. Você não sabe quem, enfim, a estuprou. Então, já houve uma construção legal nesse sentido. Eu não acho que a questão -e nem sinto que líderes religiosos defendam dessa forma- não é prender a mulher que fez o aborto, acabar com a vida da mulher que fez o aborto. A questão é mostrar que isso, do ponto de vista penal, vai contra, vai de encontro a um mandamento constitucional que é o direito à vida.

Casamento gay. Deve haver alguma ampliação no que já existe a respeito de casamento gay no Brasil na legislação?

Eu acho que o Supremo decidiu isso de uma forma muito correta, mostrando que você não pode ter nenhum tipo de preconceito a uma relação estável entre duas pessoas, sejam elas do mesmo sexo ou de sexos diferentes. Agora, no caso das igrejas, eu acho que cada igreja tem que decidir o casamento que ela faz. Agora, contra todo tipo de preconceito, eu acho que é lamentável uma sociedade que tenha quaisquer sentimentos de homofobia, que destrua as pessoas porque elas têm uma orientação sexual diferente ou porque elas têm uma história de vida diferente.

Já que o sr. está falando sobre isso, teve o caso desse padre -padre Beto, de Bauru- que foi excomungado por ter manifestado apoio ao relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo. O sr. concordou?

A Igreja está dizendo que ele não foi excomungado por causa disso. Está dizendo que ele foi excomungado porque ele desobedeceu bispo. Eu, na verdade, por causa da defesa dele da questão das pessoas poderem ser felizes, eu não vejo com bons olhos isso. Eu acho que ele tem o direito de expressar…

O sr. não vê com bons olhos…

…A excomunhão. É. Padre Cícero foi excomungado também, não é?

O sr. acha, então, que não foi a melhor atitude da Igreja?

Eu não quero criticar [a Igreja]. Eu acho que a Igreja erra e acerta, mas…

Nesse caso?

Eu vi, inclusive, a demonstração do povo de Bauru pelo grande padre que ele é, pela forma carinhosa como ele trata as pessoas, pela liderança dele. Agora, eu não tenho detalhes do motivo da excomunhão, como é que ela foi desenvolvida. Eu também não quero ser leviano com relação a isso. Mas, quando eu vi a primeira colocação na imprensa, de que ele foi excomungado por causa disso, eu achei incorreta a excomunhão. É a minha opinião de leigo ali vendo. Eu acho que as pessoas precisam ser acolhidas, não excomungadas.

Os renegados do ex-padre Beto organizam protesto

Certamente ninguém os impedirá, afinal estamos em uma democracia e o diretor a expressão é livre, e partindo deste princípio que chamo a atenção aos fiéis católicos que pretendem participar dessa manifestação.

Irmãos, lembrem-se que Cristo morreu na Cruz por obediência ao Pai e por misericórdia a nós. Ele deixou-nos ensinamentos, um deles é perdoar e amar o próximo como ele nos amou. Amar como Jesus amou não significa aceitar tudo de errado que próximo faça. pelo contrário é mostrar a ele o erro para que ele possa se corrigir. Sei que ex-padre, Beto, é uma pessoa amada por cada um de vocês e por isso mesmo devem orar para que ele entenda o que a Igreja está defendendo.

Lembrem-se que a autoridade foi dada ao bispo para tal correções. É nosso dever de cristãos obedecer. Manifestações são justas quando a causa é justa. No entanto, o Beto, feriu a doutrina da Igreja não desta vez, mas várias vezes conforme nota divulgada da Diocese de Bauru.

Se as declarações sobre a causa gay fossem o motivo pela sua excomunhão, ainda assim a Diocese estaria correta. A bíblia, e não a Igreja por si só, condena as ações. Leiam sobre isso AQUI.

Não fiquemos vazios e acreditando no mundo. A Igreja está no mundo, mas não se alimenta de seus valores e ideias. Ela se alimenta na fonte de água viva, Jesus Cristo. Rezem e estudem mais os documentos.

Quanto aos oportunistas que aproveitam o ensejo para subjugar a igreja fica a dica: Jesus é por nós.

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Estado de São Paulo | CHICO SIQUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADO, ARAÇATUBA (SP) – O Estado de S.Paulo

Moradores de Bauru, no interior de São Paulo, organizam um protesto contra a excomunhão do padre Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, que declarou apoio a bissexuais e homossexuais. Passados três dias do anúncio feito pela Diocese de Bauru, milhares de simpatizantes do padre já se declararam contra a decisão.

Uma moção de repúdio pela excomunhão postada na segunda-feira em uma rede social havia recebido, até as 18 horas de ontem, mais de 3,5 mil adesões e a expectativa era de atingir 5 mil até hoje. O grupo Eu Apoio Padre Beto, formado na internet, já tinha mais de 2,1 mil participantes.

Outro protesto está marcado para este sábado, com concentração na frente da Catedral Divino Espírito Santo, na Praça Rui Barbosa, no centro da cidade. Entre os organizadores estão dois grupos de simpatizantes do padre e a Associação Bauru pela Diversidade, a mesma que organizou a Parada Gay na cidade, que reuniu 50 mil pessoas.

O vereador Marcos Souza (PMDB), o Marquinhos da Diversidade, estima que entre 1,5 mil e 2 mil pessoas devam comparecer ao ato. “O padre Beto é muito querido, não só por seu comportamento exemplar de tratar todas as pessoas sem preconceito, mas também pelos trabalhos sociais que ele realiza”, disse o vereador.

Sigilo. A Diocese de Bauru disse que o bispo d. Caetano Ferrari não comentaria as declarações do padre Beto sobre a semelhança do ato de excomunhão com as posições do deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), conhecido por suas declarações polêmicas sobre homossexuais e negros. Segundo a Assessoria de Imprensa da Diocese, o bispo está proibido de fazer comentários por causa do sigilo imposto pelo processo de demissão do estado clerical que a Igreja move contra padre Beto. Anteontem, o padre ironizou a decisão. “Dou graças a Deus que não existem mais fogueiras”, disse ele, em referência à Inquisição.