“Que a Igreja se reconcilie com a Teologia da Libertação”, pede Casaldáliga ao Papa

De Pedro para Francisco, por intermédio de Adolfo. O Prêmio Nobel da Paz argentino, Adolfo Pérez Esquivel, transmitiu ao papa Francisco uma mensagem clara e direta de Pedro Casaldáliga (na foto, com as crianças): “Que aIgreja se reconcilie com a Teologia da Libertação”.

A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 25-06-2013. A tradução é do Cepat.

Fonte: http://goo.gl/4IDny

Antes de visitar o Papa, na companhia do líder indígena Qom argentino, Félix Díaz, o Nobel argentino, Pérez  Esquivel, telefonou para seu velho amigo Pedro, bispo emérito de São Félix do Araguaia, poeta, profeta dos pobres e pastor dos índios. E o bispo brasileiro de origem espanhola aproveitou a ocasião para enviar dois pedidos ao Papa: que defenda os indígenas e que reabilite aTeologia da Libertação.

“Apresentei-lhe uma mensagem de Pedro Casaldáliga, que me disse: ‘Você verá Francisco, diga para ele que procure escutar, refletir e chegar a um acordo, uma reconciliação com os teólogos latino-americanos. Que se preocupe com toda a questão dos povos originários no continente’. Para mim, isso foi um sinal positivo”, afirmou o Nobel.

Após a audiência com o PapaEsquivel reconheceu: “É verdade que existiram problemas com muitos teólogos da libertação. É preciso revisar muitas coisas. As teologias nunca são definitivas, são caminhos para construir”.

Sem saber o que o Papa fará a esse respeito, o que o pensador argentino já tem claro é que “Francisco tem um compromisso com os pobres. É um pastor e isto está manifestando continuamente. Há tempo para tudo, tem apenas 100 dias como Pontífice. Aí (no Vaticano), as mudanças não são fáceis. É preciso esperar. Não esperem mudanças rápidas porque não serão feitas. É preciso dar passos. É necessário ver e orientar para identificar o que é o melhor”.

Passo a passo, mas na direção pedida por Casaldáliga: “Eu acredito que o Papa promoverá a reconciliação com aTeologia da Libertação. O Papa é um pastor, outros foram funcionários. Esta é a diferença”.

O Pacto das Catacumbas

Nobel argentino também revelou que, na reunião com o Papa, de 45 minutos, entregou-lhe uma cópia do chamado “Pacto das Catacumbas”, um manifesto assinado por 40 bispos, entre eles grandes personalidades latino-americanas, poucos dias antes do encerramento do Vaticano II.

Esquivel disse que o Papa, ao ver entre os assinantes Helder Câmara, Luigi BetazziManuel Larraín, Leónidas Proãno, Sergio Méndez Arceo e Faustino Zazpe, exclamou: “Ui! Quem está aqui!”.

E o Nobel explica que o Papa se interessou muito pelo assunto e, embora não tenha se comprometido com nada, disse que iria pensar. De sua parte, Esquivel se comprometeu em “reunir os teólogos da Libertação, como Leonardo Boff e outros, que tanto contribuíram com a Igreja”.

A íntegra do Pacto das Catacumbas está aqui.

4 comentários em ““Que a Igreja se reconcilie com a Teologia da Libertação”, pede Casaldáliga ao Papa”

  1. Na minha modesta opinião, são os teólogos da Libertação que devem se reconciliar com a Igreja… A Santa Igreja não pode e nem deve pregar um Evangelho que não seja fielmente aquele do Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu explico:

    Infelizmente, muitos acreditam que não se subscrever à “teologia” da Libertação significa não se compadecer ou solidarizar com o sofrimento dos pobres. Um grande equívoco. A Igreja, tanto quanto todos, conhece o sofrimento dos desprovidos de bem-estar material, e claro, condena a injustiça contra o mais fraco. Contudo, essa não pode ser sua missão central, como pretende estabelecer a teologia da libertação, que diga-se de passagem, em muitos meios – não todos, mas muitos – assemelha-se mais ao ideologismo socialista do que à uma teologia espiritual.

    O Cristo que a Igreja prega é aquele que nasceu em pobreza plena. Aquele que declarou “não ter um lugar para descansar a cabeça” (cf. Lucas 9,58 e Mateus 8,20) – diferentemente até mesmo dos animais da natureza…

    Não creio, portanto, que proclamar o evangelho cru e verdadeiro de Cristo seja de algum modo fazer apologia do sofrimento humano ou culto à pobreza. De forma alguma! Devemos, porém, fazer uma distinção importante: claro que as necessidades temporais devem ser supridas – essas necessidades são conhecidas de Deus e por Ele permitidas – mas o seu suprimento, segundo o próprio evangelho, não devem ser o propósito de nossa existência (cf Mateus, 6:31) e se não devem ser o centro de nossa atenção, logicamente, não podem por ser o foco da atenção da Igreja. Ao invés disso, devemos focar no segundo grande mandamento que é o amor ao próximo.

    Assim, a missão da Igreja é, acima de tudo, apontar o caminho para a salvação da alma. Não, não estou querendo dizer com isso que não seja um grande problema a pobreza do mundo. Digo apenas que a miséria espiritual é ainda mais grave e talvez porque exite miséria espiritual exista também a ganância, o desprezo pelos que sofrem, o egoísmo, a corrupção e tantos outros males que contribuem imensamente para que não haja justiça social.

    Essa é a minha opinião, a qual deixo aqui muito respeitosamente para a reflexão de todos!

    Pax Domini,

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  2. O fato de referir-se ao Papa simplesmente como “Francisco” (como se fosse um síndicalista da Igreja) e, ainda, aos outros Santos Padres como “funcionários” já denota o perfil mundanista desses excomungados. É muita cara-de-pau!

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