A posição da Igreja Católica sobre a união de pessoas do mesmo sexo tem sido uma questão complexa e em lenta evolução ao longo dos anos. Creio que quase inexistente essa evolução. A Igreja Católica, por meio de sua doutrina, tem mantido tradicionalmente uma posição contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, também é importante notar que houve discussões internas e perspectivas variadas dentro da Igreja em relação a essa questão nos últimos anos.

Mesmo que saibamos que os debates se concentram muito mais entre leigos e padres e não nas altas cupulas, ele é importante para modernizar a igreja. Prova disto foi a pesquisa feita pelo Vaticano com fieis de todo o mundo e que norteam a pauta do Sinodo dos Bispos que começou em setembro e vai até o ano que vem. Uma das pautas polêmicas e que gerou contestação por parte de alguns cardeais é justamente essa. O reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo. Lembro que reconhecer poder ser diferente de fazer o casamento religioso.

A Posição Oficial:

A posição oficial da Igreja Católica, como expressa no Catecismo da Igreja Católica, é que o casamento é uma aliança entre um homem e uma mulher (parágrafo 1601). Essa visão é fundamentada na tradição e no ensinamento católico, que considera o casamento como um sacramento entre um homem e uma mulher.

Documentos da Igreja:

O documento mais conhecido que aborda a questão da união de pessoas do mesmo sexo é a “Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a Questão da Admissão de Homens Homossexuais ao Seminário e às Ordens Sagradas” (2005). Este documento afirma que a Igreja não pode admitir ao seminário ou às ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade ou têm tendências homossexuais profundamente arraigadas. Embora o foco desse documento esteja na ordenação sacerdotal, ele reflete uma posição geral sobre a homossexualidade dentro da Igreja. Posição contextada por muitos fieis.

Voices Divergentes:

É importante observar que, apesar da posição oficial, há vozes dentro da Igreja Católica que defendem uma abordagem mais inclusiva e compassiva em relação às pessoas LGBT. Alguns líderes religiosos, teólogos e grupos católicos progressistas argumentam a favor da aceitação e inclusão de pessoas LGBT, defendendo que a mensagem central do cristianismo é a do amor, compaixão e acolhimento.

Enquanto a posição oficial da Igreja mantém a doutrina tradicional, não podemos ignorar a presença de correntes mais progressistas que clamam por uma abordagem mais inclusiva e compassiva em relação às pessoas LGBT. Que muitas vezes já acontecem nas comunidades. Temos leitores, celebrantes, catequistas e etc.

Essas vozes divergentes representam um movimento dentro da Igreja que enfatiza a importância do amor, da aceitação e da compreensão, independentemente da orientação sexual. Eles argumentam que a mensagem central do cristianismo é a do amor ao próximo e da inclusão de todos, independentemente de sua orientação sexual.

Muitos teólogos e líderes religiosos dentro da Igreja Católica têm se esforçado para encontrar maneiras de reconciliar a doutrina tradicional com uma abordagem mais compassiva em relação às pessoas LGBT. Alguns argumentam que a orientação sexual de uma pessoa não deve ser vista como um impedimento para sua participação plena na vida da Igreja.

Essas vozes divergentes têm buscado diálogos construtivos e abertos sobre questões relacionadas à sexualidade e ao casamento homossexual, desafiando a rigidez da posição oficial. No entanto, é importante observar que, apesar desses esforços, a doutrina oficial da Igreja Católica ainda não mudou em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O debate entre as vozes divergentes e a posição oficial da Igreja continua a ser um desafio significativo e reflete as complexidades e as nuances dentro da comunidade católica em relação a questões contemporâneas de sexualidade e direitos LGBT.

Essas vozes divergentes também estão moldando o diálogo interno da Igreja Católica sobre como abordar a questão do casamento homossexual e a inclusão de pessoas LGBT, e suas perspectivas têm o potencial de influenciar o desenvolvimento futuro das políticas da Igreja nesse âmbito.

Alguns deles não estão necessariamente buscando uma mudança na doutrina oficial da Igreja, mas advogam por uma abordagem mais compassiva e acolhedora para com as pessoas LGBTQ+. Aqui estão alguns exemplos notáveis:

1. James Martin, S.J.: O Padre James Martin é um autor, teólogo e jesuíta que é conhecido por seu apoio à inclusão de pessoas LGBTQ+ na Igreja Católica. Ele escreveu o livro “Building a Bridge: How the Catholic Church and the LGBT Community Can Enter into a Relationship of Respect, Compassion, and Sensitivity,” no qual ele aborda questões de inclusão e diálogo.
2. Thomas Rosica, C.S.B.: O Padre Thomas Rosica é um sacerdote católico canadense e fundador da Salt and Light Catholic Media Foundation. Ele é conhecido por seu trabalho na promoção do diálogo e do entendimento entre a Igreja e a comunidade LGBTQ+.
3. Bryan Massingale: O Padre Bryan Massingale, um teólogo afro-americano, tem feito contribuições significativas ao debate sobre sexualidade e moralidade na Igreja Católica. Ele escreveu extensamente sobre a questão da inclusão e dos direitos LGBTQ+.
4. Marianne Duddy-Burke: Marianne Duddy-Burke é uma líder católica e ativista LGBTQ+. Ela é a diretora executiva do DignityUSA, uma organização que advoga pela inclusão de pessoas LGBTQ+ na Igreja Católica.
5. Equipes de Base Cristãs LGBTQ+: Grupos como as “Equipes de Base Cristãs LGBTQ+” em diferentes países têm desempenhado um papel na promoção da inclusão e na criação de espaços seguros para católicos LGBTQ+ dentro da Igreja.

É importante observar que, embora essas vozes representem uma perspectiva mais inclusiva dentro da Igreja Católica, a doutrina oficial da Igreja ainda não mudou em relação à aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O debate continua a ser uma questão de discussão interna e controvérsia na Igreja Católica.

Igrejas que já permitem o casamento

Várias denominações cristãs ao redor do mundo têm evoluído em suas posições em relação ao casamento homossexual, permitindo-o ou abrindo caminho para a aceitação de uniões entre pessoas do mesmo sexo. A seguir, algumas denominações cristãs que aceitam o casamento homossexual:

1. Igreja Episcopal dos Estados Unidos: A Igreja Episcopal dos Estados Unidos tem permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo desde 2015. A decisão foi um marco e foi seguida por várias dioceses.
2. Igreja Unida de Cristo: A Igreja Unida de Cristo nos Estados Unidos apoia o casamento homossexual e realiza casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
3. Igreja da Suécia: A Igreja da Suécia é uma das igrejas nacionais da Comunhão Anglicana que aceita o casamento entre pessoas do mesmo sexo desde 2009.
4. Igreja Evangélica Luterana na América: Esta denominação luterana dos Estados Unidos permite o casamento homossexual desde 2013.
5. Igreja Evangélica de Confissão Luterana na América (ELCA): A ELCA permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo desde 2009.
6. Igreja Anglicana do Canadá: A Igreja Anglicana do Canadá votou a favor do casamento homossexual em 2016, tornando-se uma das denominações anglicanas que permitem tais casamentos.
7. Igreja Metodista Unida na Nova Zelândia: A Igreja Metodista Unida na Nova Zelândia permite casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
8. Igreja Escocesa: Em 2017, a Assembleia Geral da Igreja Escocesa decidiu permitir ministros a realizarem casamentos de pessoas do mesmo sexo.

É importante observar que as posições em relação ao casamento homossexual podem variar dentro das denominações, e nem todos os membros ou congregações podem concordar com essas mudanças. Além disso, em muitas igrejas, a aceitação do casamento homossexual ainda é um tópico em debate e evolução. As atitudes e posições variam amplamente entre as diferentes tradições e jurisdições cristãs em todo o mundo.

A questão do casamento e da união de pessoas do mesmo sexo continua sendo um tópico de debate e reflexão dentro da Igreja Católica e em muitas partes do mundo. É importante reconhecer que existem diversas perspectivas e opiniões dentro da comunidade católica em relação a esse tema. E você, o que pensa sobre o tema?

Referências Bibliográficas:

1. Catecismo da Igreja Católica (1997). Editora Apostolado da Imprensa.
2. “Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a Questão da Admissão de Homens Homossexuais ao Seminário e às Ordens Sagradas” (2005).
3. Martin, James. “Building a Bridge: How the Catholic Church and the LGBT Community Can Enter into a Relationship of Respect, Compassion, and Sensitivity” (2017). HarperOne.

Por Marquione Ban